Por Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC Brasil
Você pode não estar familiarizado com o termo, mas com certeza conhece alguma empresa assim. Surgido em 2006, nos Estados Unidos, o conceito de B corporations se aplica a organizações cujo modelo de negócio esteja diretamente conectado à responsabilidade socioambiental.
Para obter esse selo de certificação, é preciso cumprir uma série de metas, respeitar padrões de transparência e ter seu impacto medido e gerenciado, de forma que seja sempre positivo para o planeta. Com o tempo, o movimento se disseminou, assim como sua proposta de demonstrar que o lucro não está acima de tudo.
Esse cenário vem crescendo à medida que os executivos passam a valorizar as políticas ESG para além da melhora na imagem institucional. Hoje existem cerca de 5 mil empresas B espalhadas por 79 países. No Brasil, são mais de 230 (eram apenas 60 em 2017). Juntas, elas empregam 35 mil pessoas e somam uma receita que ultrapassa os R$ 100 bilhões anuais.
Para obter esse selo de certificação, é preciso cumprir uma série de metas, respeitar padrões de transparência e ter seu impacto medido e gerenciado, de forma que seja sempre positivo para o planeta
Uma questão interessante sobre o conceito é que ele engloba desde grandes corporações até microempreendimentos. Segundo dados do Sistema B Brasil, as empresas de pequeno e médio porte correspondem a 86,5% das certificadas. E é fácil de entender o porquê: muitas delas já nasceram com os propósitos de sustentabilidade e inclusão.
São negócios inovadores, que oferecem soluções de impacto socioambiental a outras organizações maiores. A lista inclui desde plataformas que estimulam o interesse em mercados com baixa representatividade feminina a ferramentas tecnológicas que promovem a integração de pessoas com deficiência. Empresas assim se inserem em ambientes complexos do mercado, em que ainda é preciso desenvolver ou expandir o “lado B”. Ao longo do tempo, sinergias como essas podem criar verdadeiros ecossistemas B, impulsionando uma mudança coletiva de mentalidade e comportamento.
Evidentemente, esse modelo de desenvolvimento exige disposição para rever certas práticas corporativas. Também requer investimento, seja de recursos ou de tempo. O primeiro passo, claro, é admitir que as novas demandas da sociedade são justas e urgentes. Apenas com esse entendimento é que poderemos avançar na construção de uma “economia B” – mais regenerativa, inclusiva e circular.