Começa a ser percebido aos poucos que o Brasil está de volta a uma posição de protagonismo no debate sobre as questões globais, como mostrou a passagem da delegação do país no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Meio Ambiente, Marina Silva, levaram a mensagem de que o país está comprometido com o multilateralismo, engaja-se outra vez nos esforços climáticos, tem renovado empenho na defesa da democracia, possui instituições resilientes e pode ser um destino preferencial de investimentos internacionais. O mesmo fez o governador Eduardo Leite, que também aproveitou a passagem por Davos para tentar atrair capitais para o Rio Grande do Sul, especialmente quanto à intenção de viabilizar uma planta de hidrogênio verde no Estado.
Vai no mesmo sentido a visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará à Argentina em sua primeira viagem internacional após a posse
O Brasil, desta forma, começa a reverter postura recente equivocada de maior isolamento nas principais discussões internacionais, atritos gratuitos e improdutivos e descrédito em temas ambientais, assunto que desperta grande preocupação mundial pelos índices alarmantes de desflorestamento na Amazônia. O desgaste de imagem que o Brasil sofreu nos últimos anos por arroubos e negacionismo foi significativo, e reconstruir pontes exigirá grande esforço diplomático.
Os representantes brasileiros, obviamente, levaram apenas compromissos e palavras ao Fórum Econômico Mundial. As promessas, agora, têm de ser transformadas em ação, na forma de combate efetivo a crimes contra a natureza. Como afirmou Marina, se o país quiser liderar, tem de ser pelo exemplo. Nas questões econômicas, a grande curiosidade era sobre as medidas que podem levar a um equilíbrio fiscal duradouro, o que, certamente, se sinalizado e obtido, tende a tornar o país mais atrativo para investidores estrangeiros interessados especialmente em oportunidades ligadas a projetos verdes, como na área de energia.
Vai no mesmo sentido a visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará à Argentina em sua primeira viagem internacional após a posse. Antes de assumir, esteve na COP27, no Egito. Em Buenos Aires, Lula participa do encontro da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e vai se reunir com outros chefes de Estado, como Alberto Fernández. Depois, passa pelo Uruguai. Além de voltar a fortalecer os laços com os países da região, é preciso resgatar a relação harmônica com a Argentina, principal parceiro comercial do Brasil no continente e destino especialmente de bens da indústria nacional. As duas maiores nações da América do Sul têm vínculos históricos, culturais e econômicos que devem sempre prevalecer, mesmo que os ocupantes de ocasião das cadeiras presidenciais tenham visões distintas de mundo.