Por Sebastião Melo, prefeito de Porto Alegre
Só 48 horas. Foi o tempo que durou a iluminação da Redenção instalada nos 250 anos da cidade. Em apenas dois dias, foram furtados 56 refletores, além de fios e demais equipamentos de um investimento com o dinheiro do cidadão, no plano de modernização da iluminação pública.
Depois da Redenção, foi a vez do Marinha, do Parcão e de uma série de ruas e avenidas. Uma prática criminosa que virou rotina.
É com pesar que transformamos em rotina também as reuniões para evitar furtos e definir reposição. Quando a cidade avança na renovação de 103 mil pontos para LED, com 60% de conclusão, retrocedemos traçando estratégias anticrime. É inaceitável que parte dos R$ 1 milhão mensais seja desperdiçada com reparos.
Chegamos ao limite. Porto Alegre tem a tradição de “grenalizar” debates sobre temas relevantes. E mesmo cientes de que se trata de uma seara com nuances até ideológicas, acreditamos que chegou a hora de debater com pragmatismo a situação dos parques e espaços públicos da Capital. Porque a iluminação é item fundamental nas condições de segurança pública.
Hoje, não se pode legalmente contratar vigilância privada para os parques porque – abertos – são áreas de atuação das forças de segurança pública. Por que, então, não cercar?
Curitiba, São Paulo e Brasília têm exemplos bem-sucedidos nessa concepção. Obviamente não se pode pensar em uma solução única para todas as áreas, mas começaremos esse debate público no âmbito do Parcão.
Nenhuma posição será tomada sem intenso diálogo, começando pela comunidade do entorno.
SEBASTIÃO MELO
prefeito de Porto Alegre
Nenhuma posição será tomada sem intenso diálogo, começando pela comunidade do entorno. Mas o apelo é para que possamos refletir objetivamente diante da realidade. Porque somos obrigados a atuar em três frentes: dificultar a ação ilícita, concretando estruturas e trocando cabos de cobre por alumínio; reforçar a segurança nos espaços e atuar no combate à receptação, com a operação integrada Pulso Forte.
São muitos os aspectos a considerar. Mas o fato é que hoje os parques “apagados” estão fechados para livre uso da população – mesmo sem cercas ou portões – pela falta de segurança. Um cercamento planejado, com regras para ampla utilização, não há de ser mais prejudicial à cidade e aos moradores do que a escuridão.