No transcorrer de suas 44 edições, a Expointer atravessou os mais diversos tipos de acontecimentos e conjunturas. Crises de preços no campo, sequelas de estiagens, divisões políticas exacerbadas, frustrações, como os focos de febre aftosa registrados no Estado em 2000, e, claro, períodos de euforia e otimismo. Mas em meio aos altos e baixos sempre sobressaiu, ao longo dos anos, uma paulatina evolução da feira, reflexo direto do crescimento do setor primário no Rio Grande do Sul e no país. Esse progresso contínuo, a despeito de vicissitudes, se materializou no aumento espantoso dos negócios com máquinas, na tecnologia de ponta, na evolução genética dos animais inscritos, na afirmação da mostra de Esteio como centro de discussões sobre os temas mais relevantes para o agronegócio e na consolidação de novos atrativos para o público, como o exitoso pavilhão da agricultura familiar.
Inexistem dúvidas de que, diante das circunstâncias, a 44ª edição da feira deve ser considerada um sucesso
A pandemia que irrompeu no ano passado foi um novo desafio. Que caminha para ser superado, assim como os outros que surgiram nestas mais de quatro décadas. Após o evento no ano passado ser essencialmente virtual, em 2021 foi possível reabrir os portões, mesmo com limitação de público. O Parque de Exposições Assis Brasil não pulsou como era o usual até 2019, mas inexistem dúvidas de que, diante das circunstâncias, a 44ª Expointer deve ser considerada um sucesso.
O êxito não deve ser medido pelo volume de negócios ou pelo número de visitantes, duas variáveis afetadas ainda pelas restrições impostas pela pandemia. A maior parte dos grandes fabricantes globais de máquinas agrícolas não compareceu, por ainda preferirem a cautela, assim como muitos produtores, mesmo interessados em renovar sua frota e conhecer novidades. Apesar de os agricultores estarem capitalizados, a falta de insumos que atrapalha o desempenho de vários segmentos da indústria também limita a produção e a oferta de tratores, colheitadeiras e outros equipamentos. Os leilões presenciais, tradicionais atrações da Expointer, não foram realizados. E o próprio pavilhão da agricultura familiar, usualmente com imenso afluxo de pessoas interessadas em degustar e adquirir as delícias produzidas no campo, acabou afetado pela limitação de público.
A régua para se medir o sucesso da Expointer, portanto, deve ser outra. Primeiro, a volta dos visitantes, graças ao avanço da vacinação. Em segundo lugar, é preciso lembrar que a feira é um espelho do que ocorre no campo, onde predomina o otimismo, após o Estado ter mais uma supersafra de soja, com boas cotações. O mesmo acontece no setor de proteína animal, com preços remuneradores. Há ainda o fato de o Rio Grande do Sul ter conquistado neste ano o status internacional de livre de febre aftosa sem vacinação, um selo sanitário que tende a descortinar novas oportunidades na área de carnes. Ao vencer tantos percalços, o resultado foi acima da expectativa e o agronegócio está ainda mais otimista, avaliou o presidente da Farsul, Gedeão Pereira.
O faturamento de R$ 1,62 bilhão deste ano e o público de cerca de 70 mil pessoas, portanto, mesmo abaixo de anos normais, devem ser vistos como o marco de uma retomada. A relevância da feira também foi comprovada pelas presenças do presidente Jair Bolsonaro, do vice Hamilton Mourão, da ministra da Agricultura, Teresa Cristina, e de diversas outras autoridades e parlamentares. É digna de nota ainda a comunhão de esforços entre entidades organizadoras e Piratini, capitaneado pelo governador Eduardo Leite, para a realização de uma feira que teve a marca da resiliência. Assim, é possível ter a confiança de que, nos próximos anos, a Expointer voltará a exibir o brilho usual, com recordes de negócios e ampliação do seu caráter de palco da inovação, tecnologia e genética, refletindo a pujança que viceja no campo.