A recuperação do aprendizado, especialmente na rede pública, passou a ser um dos grandes desafios da sociedade e dos governos. A defasagem na educação é um legado desastroso da pandemia que não será contornado de maneira fácil ou rápida e, por isso, requer não apenas políticas pedagógicas adequadas, mas um esforço além do comum para deixar as escolas em condições de receber os alunos na volta às aulas presenciais.
É preciso superar o abismo que separa o ensino público do privado e, assim, propiciar oportunidades mais parecidas para esses cidadãos do futuro
Neste contexto, é inaceitável a situação de centenas de colégios estaduais do Rio Grande do Sul. No retorno do recesso da metade do ano, se constatam prédios sem o básico, como energia elétrica, obras ainda inacabadas, outras deficiências estruturais e falta de pessoal necessário para o funcionamento das escolas de acordo com protocolos sanitários. Assim, muitas instituições espalhadas pelo território gaúcho permanecem apenas em sistema de plantão e, outras, fechadas. É um estímulo, inclusive, à evasão.
É inconcebível que, após longo período fechadas, com tempo suficiente para vencer prazos da burocracia, execução de obras e contratações, os mesmos problemas persistam. Pouco importa, neste momento, de quem é a culpa. A urgência exige que se assumam as responsabilidades e se organize, se necessário, uma espécie de mutirão entre envolvidos com o tema, passando pelo governo do Estado com suas pastas de Obras e Educação, direções, pais e mestres, para solucionar esses entraves e deixar as escolas aptas a receber presencialmente crianças e adolescentes. A situação financeira do Piratini vem melhorando paulatinamente e, portanto, recursos deixaram de ser o principal problema, ao que parece.
A prolongada ausência das salas de aula no período mais crítico da crise sanitária, somada às dificuldades para estudar de maneira remota, pela menor capacidade de acesso a internet e equipamentos adequados, principalmente por alunos oriundos de famílias mais humildes, deixa uma herança nefasta que, sem providências, levará a um indesejável aumento da desigualdade no Brasil, já inaceitável.
É preciso superar o abismo que separa o ensino público do privado e, assim, propiciar oportunidades mais parecidas para esses cidadãos do futuro. Não é uma questão ideológica, mas um princípio capitalista. Uma economia forte e que gere mais empregos, por consequência inclusiva e socialmente mais justa, requer trabalhadores e empreendedores, de todos os portes e ramos, com a instrução necessária para serem mais produtivos e terem melhores condições de auferir uma renda digna para progredir, perseguir seus sonhos e ajudar o Brasil a encontrar o caminho do desenvolvimento.