Merece aplauso a decisão do governo federal, que começará, em setembro, a aplicar a terceira dose da vacina contra covid-19 em idosos e em pessoas imunossuprimidas. O país não pode correr o risco de um retrocesso, no momento em que as internações e mortes começam a consolidar uma tendência de queda, mas o surgimento de novas variantes desenha incertezas no horizonte não apenas do Brasil, mas de todo o mundo.
Se hoje a esperança da retomada de muitas atividades começa a se concretizar, é porque aprendemos com a ciência. A vacinação e os cuidados – uso de máscara, álcool gel e distanciamento – são o único caminho conhecido e de eficácia comprovada para evitar ainda mais perdas, tanto humanas quanto econômicas.
Se hoje a esperança da retomada de muitas atividades começa a se concretizar, é porque aprendemos com a ciência
Depois de omissões e tropeços iniciais, que ainda custam caro ao país, setores do governo federal parecem haver acordado para a urgência de ações racionais e objetivas. O Ministério da Saúde garante, por exemplo, que o Brasil receberá mais 600 milhões de doses até o final desse ano. Há possibilidade de congelar uma parte desses lotes para eventual utilização no ano que vem. Além disso, outras 180 milhões de imunizações fabricadas em território nacional fazem parte das projeções para reforços em 2022.
Essa mensagem de otimismo só faz sentido com o reconhecimento reiterado da eficiência da estrutura de vacinação do SUS, altamente capilarizada e que conta com a dedicação e o talento de centenas de milhares de profissionais.
Apesar da promessa de abundância dos estoques de vacina, um esforço paralelo precisa, urgentemente, de impulso e estímulo. Há milhões de brasileiros aptos a se imunizar mas que, por negacionismo ideológico ou por falta de informação, ainda não se dirigiram aos postos de saúde, drive-thrus e farmácias credenciadas para esse enorme esforço em nome da vida e da economia. Não faz sentido, nesse contexto, argumentos ancorados no mal uso do conceito de liberdade individual, já que os efeitos da pandemia são de grande impacto social. Quem não se vacina prejudica os outros, pelo alargamento da transmissão e pela probabilidade maior de surgimento de mutações ainda mais agressivas.
Com as informações disponíveis hoje, projeta-se que a vacina contra covid-19 fará, por um bom tempo, parte da rotina sanitária de todos os seres humanos que habitam o planeta. Chegar a cada um deles, com informação e doses suficientes de imunizante, é um desafio possível, urgente e necessário.