Merece atenção o informe do prestigiado Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão de saúde do governo norte-americano, sobre a variante Delta do novo coronavírus. A conclusão é de que se trata de uma cepa mais contagiosa, como já se cogitava, mas que também tem maior probabilidade de vencer a barreira das vacinas. Ou seja, mesmo pessoas totalmente imunizadas podem ser infectadas e transmitir a covid-19. Mesmo assim, ressalta o CDC, os fármacos são eficientes para minimizar riscos de agravamento da doença, hospitalizações e mortes.
O poder público não pode sucumbir à tentação da demagogia eleitoreira em um momento em que valores bem mais importantes estão em jogo
Apesar de essa variante, identificada pela primeira vez na Índia, ainda estar longe de ser predominante, as informações disponíveis sinalizam o início de sua disseminação no Brasil. Isso ocorre exatamente no momento em que o país recebe com alívio notícias de redução de casos e ocupação de leitos. É uma consequência inequívoca do avanço da vacinação, à qual a adesão da população, ao que se constata, é superior à verificada nos EUA, apesar de o processo de imunização por lá estar mais adiantado, por ter sido iniciado antes e pela farta disponibilização de doses.
A chegada da variante Delta ao Brasil, incluindo o Rio Grande do Sul, requer, portanto, atenção de cidadãos e autoridades da saúde. Não há motivo para alarmismo, e sim para a prudência individual e coletiva ser redobrada. Ao longo da pandemia, a sociedade adquiriu aprendizado suficiente para saber o que é preciso ser feito. É necessário, portanto, exercitar essas lições para que se impeça um novo recrudescimento da crise sanitária. E, ao mesmo tempo, para evitar a reprise de prejuízos econômicos que recém começam a ser recuperados, o que seria uma frustração em um momento de reabertura gradual de atividades, inclusive do setor de serviços, com a retomada do mercado de trabalho.
A preocupação com a cepa fez os EUA voltarem a recomendar o uso de máscaras, incluindo os vacinados, principalmente em locais fechados. A questão é considerada tão séria, que há inclusive proposta de oferecimento de dinheiro pelo governo dos EUA para que mais pessoas se vacinem.
No Brasil, no entanto, há um percentual maior da população disposto a se imunizar, com o avanço das informações corretas sobre a doença e a segurança dos fármacos. Mesmo assim, cálculos apontam que, só no Rio Grande do Sul, cerca de 500 mil pessoas aptas a serem imunizadas não compareceram nos postos de saúde e demais pontos de aplicação das doses. Também, por isso, baixar a guarda é um erro, mostram os exemplos norte-americano e de outros países. Manter o distanciamento, evitar aglomerações, lembrar da higienização das mãos e usar – de forma correta – máscara seguem como medidas indispensáveis. A pandemia ainda não terminou. Nunca foram tão relevantes a consciência e a responsabilidade de todos, especialmente do poder público, que não pode sucumbir à tentação da demagogia eleitoreira em um momento em que valores bem mais importantes estão em jogo.