Mais um ciclo eleitoral chega ao fim e, agora, a ênfase passa a ser o processo de transição, não apenas nos municípios gaúchos com segundo turno, mas em todos aqueles em que o atual gestor não parte para um novo mandato. Na capital do Rio Grande do Sul, todos os sinais indicam que a fase de passagem de bastão da atual
administração para a próxima, encabeçada por Sebastião Melo, será pacífica e com a plena colaboração do prefeito Nelson Marchezan. Espera-se que em Caxias do Sul, Canoas e Santa Maria, onde também houve segundo turno, o trânsito de um governo para o outro se dê sem sobressaltos, em primeiro lugar, por respeito à decisão soberana do eleitor e pela manifestação da compreensão de que as equipes que chegam precisam ter acesso facilitado a todas as informações da máquina pública para evitar qualquer prejuízo aos serviços prestados aos cidadãos. Uma transição tranquila é, portanto, muito mais do que uma obrigação legal. É um compromisso com a democracia, que inclui a saudável alternância no poder entre os seus preceitos.
Chegou o momento de começar a construir o futuro prometido ao longo da campanha
É este empenho que demonstra Marchezan, ao anunciar que já planeja reuniões com representantes da futura gestão em cada área, introduzindo ainda a interessante novidade de transmissão dos encontros pela internet. Uma relevante contribuição para a transparência. Esse é um exemplo que, se confirmado, ajudará os novos eleitos a terem um domínio mais completo sobre o quadro a ser herdado pelas futuras administrações, facilitando as primeiras ações e medidas. Espera-se que, em todos os municípios do Estado onde os atuais prefeitos foram derrotados e terão de passar o poder para um adversário político, pratique-se grandeza semelhante, em nome do contribuinte.
Uma transição serena e colaborativa é essencial na prioridade que agora é a de se olhar para a frente. Os desafios de todas as cidades são imensos. Passam por dificuldades fiscais, reerguimento da economia, recuperação dos prejuízos causados pela pandemia à educação, demandas na saúde não apenas associadas à covid-19 e todo tipo de problema urbano, da mobilidade à gestão do lixo. Chegou o momento de começar a construir o futuro prometido ao longo da campanha. Com o adiamento das eleições, o período de transição terá cerca de um mês a menos. Aumenta, desta forma, a exigência de transparência e eficiência na disponibilização dos dados necessários à equipe que vai assumir e gerir cada município nos próximos quatro anos.
Vencer uma eleição, muitas vezes, também requer a costura de coligações, alianças e eventuais apoios no segundo turno que, não raro, se transformam em participação na administração. São aspectos próprios da democracia e da política, a arte de construir consensos possíveis e pavimentar o caminho do progresso das sociedades. A busca pela governabilidade, da mesma forma, não deve ser vista com preconceitos, embora precise ser vigiada pelas instituições apropriadas, sob os olhos atentos dos cidadãos. Mas o momento crítico atravessado por todos os entes federados, como os municípios, impõe que, na hora de escalar seus times, em todos os escalões, a confiança venha acompanhada da qualidade técnica, da competência e do conhecimento da área. Observar este requisito é chave para lograr êxito na tarefa de solucionar os problemas que atormentam os munícipes e conseguir executar os compromissos assumidos no período de busca de votos, melhorando de fato a vida da população – seja em Porto Alegre, com seus quase 1,5 milhão de habitantes, ou na minúscula Engenho Velho, no norte do Estado, onde vivem menos de mil almas.