É meritória a adesão do poder público, de entidades, de universidades e da sociedade mais ampla à mobilização para que Porto Alegre seja escolhida como sede sul-americana do Web Summit, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, a ser realizado no Brasil em 2022. A inovação é uma das grandes vocações locais e aposta acertada para amplificar a capacidade de desenvolvimento da Capital, com potencial de irradiação para todo o Estado. O ecossistema que amadurece continuamente nos últimos anos e o talento comprovado do capital humano dão condições para que esse setor floresça cada vez com mais força, dinamizando a economia gaúcha.
São intensos o entusiasmo e a busca por sensibilizar a organização do evento para atrair o Web Summit para a Capital
Polos tecnológicos reconhecidos, numerosas startups, incubadoras, iniciativas governamentais e que se unem com a iniciativa privada e a academia, como o Pacto Alegre, entre outras estratégias e ações, formam o caldo de cultura propício para que a cidade tenha excelentes condições de vencer a disputa com o Rio de Janeiro para atrair o Web Summit. O Estado é o terceiro em quantidade de startups do Brasil, e Porto Alegre, a quarta entre as cidades, uma posição de ponta se for lembrado que é apenas a 12ª em população no país, o que comprova a propensão para o empreendedorismo transformador baseado no conhecimento, na inovação e na tecnologia.
Mas o conjunto de premissas que fazem Porto Alegre ser merecedora vai além. Mesmo em meio a uma eleição, prepondera a estabilidade política no Rio Grande do Sul, no sentido de que há espaço de diálogo entre os poderes e mesmo entre diferentes correntes de pensamento partidário. A Capital é uma cidade multicultural e de concórdia inter-religiosa. Tem uma posição geográfica invejável no Mercosul e uma infraestrutura aeroportuária renovada e que segue em processo de melhorias. Porto Alegre, da mesma forma, tem aptidão testada para receber grandes eventos, como foi mostrado em diversas edições do Fórum Social Mundial, na Copa do Mundo de 2014 e no anual Fórum da Liberdade, encontros de diferentes naturezas mas quem têm em comum a geração de empregos, de impostos e a valorização do ambiente urbano.
Sabia-se nos bastidores que Porto Alegre concorria com outras cidades brasileiras. Na terça-feira, um tuíte do CEO do Web Summit, Paddy Cosgrave, indicou que apenas o Rio e a capital gaúcha estavam no páreo para sediar o evento centrado em soluções para internet, inovação e capital de risco. O encontro começou em 2009, em Dublin, na Irlanda, mas desde 2016 é realizado em Lisboa. A edição 2019 teve um público de 70 mil pessoas, com a presença de 11 mil CEOs. Neste ano será virtual, com a participação de executivos e fundadores de companhias de ponta como Facebook, Zoom, LinkedIn, PayPal e SAP, entre outros.
O Rio é um concorrente de peso por ser a cidade símbolo do Brasil, mas a pronta mobilização de gaúchos, com uma avalanche de respostas ao tuíte de Cosgrave, mostra que são intensos o entusiasmo e a busca por sensibilizar a organização do evento. Independentemente do desfecho, estar entre as duas cidades finalistas, depois de passar por um filtro no qual ficaram outros quatro países e várias concorrentes locais, já garantiu uma significativa agregação de valor à marca Porto Alegre, com visibilidade planetária. É a prova de que, quando se aposta na união de esforços, os resultados positivos aparecem.