Mesmo com as conhecidas dificuldades do ensino público no Rio Grande do Sul, materializadas pela posição intermediária do Estado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) 2019, divulgado na semana passada, é possível encontrar vários exemplos de escolas com ótimo desempenho. É preciso que se olhe para essas ilhas de excelência e se analise o que é possível replicar em outras instituições, mesmo que de natureza diversa, para ser possível dar um salto na qualidade do ensino oferecido pela rede, uma vez que as sérias restrições financeiras de todos os lados não permitem sonhar que a injeção de grandes volumes de recursos seja uma possibilidade viável.
Reportagem publicada na edição de sexta-feira de Zero Hora mostrou que, entre os destaques com boas notas no Ideb, há unidades municipais, estaduais e federais, entre elas, o Tiradentes, da Brigada Militar, e os colégios militares de Porto Alegre e de Santa Maria, com tradição consolidada de bom desempenho em avaliações do gênero e com seis das 10 melhores notas no Ensino Médio no Rio Grande do Sul na avaliação realizada pelo Ministério da Educação. A diversidade de gestão comprova que há um caminho a ser seguido, seja qual for o ente administrador, e que pode ser copiado para multiplicar o número de escolas com melhores indicadores, alavancando os resultados da educação gaúcha como um todo. Em regra, apoio da comunidade e presença dos pais, foco na aprendizagem, gestão acurada, modelo de ensino mais atrativo para os alunos e exigência são fatores diferenciais, além, é claro, da disciplina e do senso de dever presente nas escolas militares, onde o processo seletivo para o ingresso de estudantes já é uma forma de naturalmente ter alunos mais preparados e centrados em suas classes.
Apoio da comunidade, presença dos pais, foco na aprendizagem, gestão acurada, modelo de ensino mais atrativo e exigência são fatores diferenciais
Na comparação com outros Estados no Ideb, um dos mais importantes indicadores da qualidade do ensino no país, o Rio Grande do Sul ficou em uma insatisfatória posição de meio de tabela. Neste caso, a confrontação inclui instituições públicas e privadas. As escolas gaúchas superaram a média nacional nos anos iniciais do Ensino Fundamental, tiveram o mesmo desempenho no Ensino Médio, mas ficaram abaixo nos anos finais do Ensino Fundamental.
As notas melhoraram, mas nenhuma meta estabelecida foi alcançada. Um indício cristalino de que é preciso avançar e de que o desafio é ainda maior na rede pública, que em regra atende alunos oriundos de famílias em situação financeira inferior à privada e enfrenta obstáculos maiores quanto a recursos disponíveis para custeio e investimento. Por ser possível verificar o desempenho individual da escola, assim como outras avaliações, o Ideb é um instrumento essencial para detectar fragilidades e corrigir rumos. O Rio Grande do Sul é o Estado com a população mais envelhecida do Brasil, o que cria um desafio demográfico que só será resolvido por meio de um ensino de qualidade, com reflexo em maior produtividade na economia. Apostar na educação é a melhor saída para que os gaúchos possam adquirir habilidades e conhecimentos para progredir de maneira individual e, ao mesmo tempo, ajudar no desenvolvimento do Estado.
