Novos números divulgados nesta semana comprovam que, de forma geral, permanece uma consistente redução nos indicadores de criminalidade no Rio Grande do Sul. A quantidade de homicídios teve um leve crescimento, mas um olhar mais atento aos dados mostra que podem estar relacionados a disputas internas do submundo, impulsionadas pela soltura de detentos do sistema prisional devido à pandemia, facilitando o acerto de contas entre os delinquentes, além de confrontos entre traficantes de drogas pelo controle de pontos. As estatísticas apontam que, em maio, segundo mês completo de distanciamento social, os latrocínios, que são os roubos seguidos de mortes, voltaram a cair, um dado que reforça esta tese. Na mesma tendência, outros roubos, furtos e ataques a bancos seguiram a trajetória declinante.
A melhor notícia sobre o mês passado, sem dúvida, foi o recuo dos feminicídios, após quatro preocupantes meses de elevação
Mas a melhor notícia sobre o mês passado, sem dúvida, foi o recuo dos feminicídios, após quatro preocupantes meses de elevação. Infelizmente era esperado que, com as pessoas mais em casa durante a pandemia, aumentassem as ocorrências de violência doméstica contra mulheres. E temia-se que mais casos acabassem em morte. Este tipo de assassinato relacionado ao gênero, indicam os dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado, apresentou um recuo de 45% ante o mesmo mês do ano passado, embora os registros de casos considerados tentativas ainda permaneçam em alta.
Esta queda nos feminicídios no mês guarda, sem dúvida, relação com todas as ações tomadas para prevenir, conscientizar e facilitar as denúncias de episódios que poderiam redundar em assassinatos de mulheres. Foram importantes, neste contexto, as campanhas incentivando que as vítimas comunicassem à polícia situações de perigo e também a disponibilização de um número de WhatsApp – (51) 98444-0606 – para fazer com que a informações cheguem rapidamente às autoridades. Já existia o receio de que, pelo maior tempo em ambiente doméstico com o agressor devido às medidas de distanciamento social, as vítimas hesitassem mais em denunciar o crime. Pelo aplicativo, inclusive familiares ou vizinhos, de forma anônima, têm condições de serem ágeis em avisar sobre possíveis atos de violência, embora emergências ainda devam ser informadas por canais como os telefones 190, da Brigada Militar, ou o 197, da Polícia Civil. Toda esta circunstância faz acertadamente a chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor, colocar o combate ao feminicídio como uma prioridade.
Apesar de a criminalidade ser razão constante de preocupação dos gaúchos, é motivo de alívio que – além da queda nos indicadores provocada pela menor circulação de pessoas nas ruas – a curva das estatísticas venha diminuindo nos últimos anos. Ao mesmo tempo, a despeito da pandemia, Brigada Militar e Polícia Civil permanecem atentas ao policiamento e mantendo o ritmo das investigações. É uma das raras boas notícias em meio à sucessão de fatos negativos gerados pela chegada do novo coronavírus.