Por Fábio Bernardi, sócio-diretor de criação da Morya
Tudo é uma questão de ponto de vista. O coronavírus, por exemplo. Você pode vê-lo como um vírus democrático, e é verdade. Não importa se você é pobre ou rico, se está na América ou na Europa, se é branco ou pardo, se tem 30 ou 60 anos, se é do primeiro ou do terceiro mundo. O vírus atinge a todos e iguala tudo, pessoas e países.
Mas você também pode ver a covid-19 como um grande fator de diferenciação, algo que supervaloriza os diferentes. E isso também é verdade, pois o vírus diferencia as pessoas de acordo com seu sistema imunológico. E também diferencia os países que são melhor ou pior governados, os sistemas de saúde mais ou menos eficazes e as sociedades que são mais ou menos colaborativas no enfrentamento da pandemia. E o vírus vai diferenciar as empresas também, entre aquelas que irão se reinventar e aquelas que vão apenas se reacomodar. Estas também correm o risco de não ter oxigênio para sobreviver.
O coronavírus é igualitário no problema, mas muito diferenciador na solução – só quem melhor reagir sobreviverá. E, desta forma, é também uma lição para todos nós, indivíduos, países, empresas e sociedades, que vamos precisar olhar para as diversas realidades de um jeito mais afetivo para construirmos saídas mais efetivas. Não importa o tamanho, o setor ou onde, todos nós teremos que mudar o jeito de trabalhar e de organizar nossa oferta de valor. No pós-corona, todos seremos pioneiros e ninguém terá o mapa da rota a ser seguida – alguns terão, no máximo, um vago senso da direção a tomar. Vamos substituir problemas conhecidos e convencionais por problemas novos, incomuns e inesperados. Não vai dar pra escrever o manual antes, vamos ter que ir escrevendo e vivendo ao mesmo tempo.
Tudo é uma questão de ponto de vista. O corona nos colocou na beira de um precipício. Se não quisermos cair, vamos ter que aprende a voar.