Por Daniel R. Randon, presidente e CEO das Empresas Randon
Num mundo cada vez mais complexo, não há espaço para discussão polarizada. A escolha não é binária (0 ou 1). Neste momento crítico, precisamos de soluções convergentes que contenham a epidemia e, simultaneamente, ativem a economia dentro dos protocolos internacionais. É possível compatibilizar saúde e economia, com seriedade e maturidade. As atividades podem ser criteriosamente retomadas, por etapas e sem exposição dos grupos de risco.
Cada nação tem suas peculiaridades e os países ricos poderão suportar, de melhor forma, a economia parada. Já o Brasil tem elevada informalidade e um espetacular nível de empreendedorismo, características que dificultam suportar um lockdown horizontal prolongado. Não podemos esquecer os micro e pequenos empresários, que, no geral, apresentam saúde financeira mais sensível. A parada geral tem que ter o período suficiente para achatar a curva da doença e para evitar o efeito contrário, que é o caos social e o surgimento de outras crises. Lembrando que, diferentemente de outros países, ainda não chegamos ao inverno, momento considerado crítico nesse cenário.
É vital que a convergência de atitudes alcance o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, que devem estar alinhados e menos judicializados. Seria uma postura de cidadania e responsabilidade desejável e necessária. A soma de propósitos ajudaria a destravar processos e a produzir efeitos práticos de grande impacto, como o rápido aparelhamento das UTIs hospitalares e a realização de testes. Sem dúvida o mundo vai ser diferente depois dessa pandemia. Mudanças no meio ambiente, no comportamento social, além de dilemas entre vigilância totalitária e empoderamento do cidadão, isolamento nacionalista e solidariedade global etc.
Aliás, a solidariedade está sendo percebida como nunca. Temos que valorizar os bons exemplos de pessoas, entidades e organizações que estão doando tempo e dinheiro e usando a criatividade para ajudar como podem. Vamos juntos entregar resultados efetivos para uma verdadeira operação de guerra que estamos vivenciando e sairmos desta crise mais fortalecidos. É a hora de todos, de alguma forma, contribuírem. Por mais que muitos ajudem, quando isso passar, não queremos ficar com o sentimento de que poderíamos ter feito diferente e salvo mais vidas com menos dor, caos e polarização.