A disseminação do coronavírus pelo mundo mostra que os países que estão lidando melhor com o agente infeccioso são aqueles que, sem pânico ou paranoias, seguem atentamente as orientações das autoridades de saúde e compreendem que a vida em coletividade, ainda mais em um momento de incerteza, exige colaboração e protocolos ainda mais elevados de civilidade. O Brasil tinha 13 casos confirmados até o final da tarde de sexta-feira e será difícil impedir que um surto também seja visto no Brasil. Mas, mesmo que a situação venha a ficar mais crítica, não existe motivo para medo exacerbado.
O Ministério da Saúde vem conseguindo gerar um clima de confiança tanto por agir com transparência quanto pela postura serena dos técnicos à frente da tarefa
Enquanto não há vacina e imunização da população, o fundamental é conter a difusão do vírus e tentar evitar um número maior de contágios internos. Os casos no Brasil não são mais apenas importados, mas ainda há uma grande distância para uma transmissão massiva. Por isso, cada cidadão precisa ser bem informado e conscientizar-se de que a tarefa de conter a disseminação é de todos, ao adotar práticas individuais simples de higiene, como lavar seguidamente as mãos, e seguir a chamada etiqueta respiratória em eventuais espirros e tosse. O momento exige união da sociedade e do poder público. Da mesma forma, talvez seja necessário evitar aglomerações desnecessárias, como aconselhou o Ministério da Saúde. Mas outras medidas mais amplas provavelmente serão necessárias, como adiar cirurgias eletivas, abrindo espaço nos hospitais para pacientes atingidos pela emergência médica internacional que já chegou a mais de 80 países, atingiu um número acima de 100 mil pessoas e causou 3,4 mil mortes.
Mesmo que exista certo receio na população, o Ministério da Saúde tem feito um trabalho exemplar. Com uma comunicação clara, merecedora de elogios, vem conseguindo gerar um clima de confiança, tanto por agir com transparência quanto pela postura serena dos técnicos à frente da tarefa, comandados pelo ministro Luiz Henrique Mandetta. Bem diferente, por exemplo, da atuação obscurantista do regime iraniano de ocultar a extensão da epidemia da covid-19, o que agravou a situação no país e levou a um significativo desgaste do governo dos aiatolás. Afortunadamente, o Brasil conta com laboratórios e centros de pesquisa de qualidade internacional, além de um corpo médico e de enfermagem de alto padrão.
O esforço para esclarecer sobre notícias falsas também tem grande mérito por mitigar a chaga da desinformação. A preparação por semanas de toda a rede de vigilância sanitária e atendimento, até a confirmação dos primeiros casos, da mesma forma, é um trunfo do país. Como esses profissionais da saúde estarão na linha de frente do combate ao coronavírus, precisarão de suporte e apoio psicológico e logístico para que, neste momento de gravidade e tensão, possam exercer da melhor forma possível a sua nobre função de salvar vidas.