Por Ana Regina Falkembach Simão, coordenadora e professora do Curso de Relações Internacionais da ESPM POA
Quem terá musculatura política para derrotar Donald Trump nas eleições de 2020? Essa pergunta movimenta os eleitores norte-americanos que não se identificam com o trumpismo, que para muitos significa ser signatário da antiglobalização, do descrédito da representação política dos regimes democráticos, da defesa do armamento e do desrespeito às minorias.
Com o decepcionante desempenho do milionário Michael Bloomberg, o Senador Bernie Sanders e o ex-vice presidente do Governo Barak Obama, Joe Biden, se apresentam com robustez para conquistar os 1.991 delegados e chegar na convenção do Partido Democrata, que ocorrerá em julho, na condição de candidato oponente de Donald Trump. O perfil dos dois políticos é distinto nessa campanha: enquanto Sanders se define como um "socialista democrático", Biden se coloca nessa eleição com potencial para resgatar a "alma dessa nação" que segundo argumenta, poderá ser alterada em sua essência, caso Donald Trump se reeleja.
Embora tenha se posicionado como moderado, com condições de unificar o país e afeto à agenda social, Joe Biden ainda não apresentou propostas claras para o seu governo. Mas isso parece não incomodar o establishment do partido Democrata. Ao contrário, para os que consideram a agenda social de Sanders muito audaciosa para o modelo norte-americano, Biden possivelmente será a aposta preferida da ala mais moderada do Partido em sua tentativa de derrotar o atual presidente.
Por outro lado, as mudanças e inflexões propostas por Sanders e que visam uma maior justiça social e igualdade econômica – aumentar impostos para os ricos, tornar as universidades públicas, implantar o Medicare for all, aprovar mudanças na lei de imigração – aproxima-o de segmentos da sociedade que podem ser definitivamente decisivos nestas eleições, como os jovens, os negros, os hispânicos, as mulheres e aqueles que, descontentes com o governo Trump, realmente querem mudanças.