Por Paulo Oiama de Macedo Silva, economista e advogado
Passaram sete anos desde o encerramento dos contratos de concessão rodoviária no Programa Estadual do RS, mas a discussão continua. Agora se discute o aumento das tarifas estaduais por conta da relação entre eixos de veículos de carga e automóveis. Veículos de carga devem pagar, proporcionalmente, tarifa maior porque desgastam mais as rodovias.
O aumento proposto agora pela EGR é para fazer essa correção segundo critério adotado nas rodovias federais pela ANTT. É lógico que os transportadores não gostem, mas a questão está sendo superdimensionada. Vou dar um exemplo singelo e hipotético: suponha o transporte de uma carga de grãos de 30.000 quilos; valor do grão R$ 1,50 o quilo. Valor total da carga: R$ 45.000,00. Se o acréscimo na tarifa de uma praça de pedágio for de R$ 10,00, veja o aumento por quilo da carga: R$ 10,00 divididos por R$ 45.000,00, resulta: R$ 0,00022. Por certo isso não vai quebrar ninguém e nem fazer subir o custo logístico.
Claro, é apenas uma hipótese, pode ser mais, pode ser menos, pois os caminhões modernos podem transportar mais de 30.000 quilos. Outra coisa: alguém já demonstrou, com estudos sérios, o custo logístico no RS e no Brasil? Falam em 20% do PIB no RS, 12% no Brasil e 8% no exterior. A proporcionalidade até pode estar certa, porque isso varia de acordo com a qualidade das estradas e outros fatores logísticos, mas ninguém garante que os percentuais absolutos sobre o PIB sejam esses.
Há muita desinformação sobre o assunto e as pessoas ficam repetindo dados sem conhecer as fontes e a veracidade dos números. Quando se fala que rodovias bem conservadas reduzem pela metade o tempo das viagens e geram economias de 38% nos combustíveis e 58% na manutenção dos veículos, pode se apontar a fonte: estudos do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA. Vamos buscar as informações para não errar agora, como erramos no passado.