Por Melissa Streck, UX Designer e pesquisadora
Faço parte de uma geração que, hoje, tem pais 60+ e filhos nascidos após a virada do milênio. O contraste entre os pais, que cresceram em meio a tecnologias analógicas, e os filhos, criados junto a mídias digitais móveis, no que diz respeito ao uso de tecnologias, foi algo que me despertou o interesse em buscar por respostas para entender (quiçá ajudar a diminuir) as diferenças no campo do design de interfaces digitais.
Com essas indagações, durante o meu doutorado, pesquisei sobre a experiência de uso dos 60+, uma população que aumenta cada vez mais, com seus smartphones, que também ganham novos usuários a cada dia. O resultado, ao final, trouxe algumas surpresas, porém também confirmou hipóteses. O fato de essa geração possuir o smartphone para questões de comunicação social é forte, os vínculos familiares e de amizade são estendidos nas telas de apps de redes sociais. Porém, outros tipos de apps também fazem parte da vida dessa geração, sendo os tipos usados bastante variados por usuário. O fato de que os smartphones permitem diferentes possibilidades e auxiliam em muitas questões do cotidiano dos 60+ é algo que não deixa dúvida de que tecnologias digitais são para todos.
Neste sentido, entra a questão da interface do usuário. As regras dos botões com ícones grandes ou de que todos os elementos precisam ser em alto contraste não se aplicam de maneira geral, especialmente para os 60+ mais jovens. Vale que as interfaces devem ser desenhadas de forma a estabelecer um bom diálogo entre funcionalidades e usuário. Muitos recursos de apps não são usados por não serem compreendidos pelos 60+, sendo necessário buscar ajuda de terceiros. Esta ajuda, para questões que exigem algum tipo de configuração no smartphone, é solicitada não somente pelo fato do desconhecimento, mas também pelo receio de mexer e acontecer algo que possa desconfigurar ainda mais.
Portanto, fica o desafio para designers criarem interfaces que resgatem elementos que também dialoguem com os 60+, tanto nas formas quanto nos comandos para que o uso seja cada vez mais natural e pleno.
A série Ideias para o Futuro 60+ tem apoio de Unimed Federação/RS