Por Gabriel Monteiro, Diretor América Latina da Dialog Health, organismo europeu de formação continuada
Chegamos a 2020: o futuro é agora. Fora engarrafamentos de carros voadores, muitas das realizações tecnológicas e sociais que sonhamos para o século 21 já são realidade. Entre elas, a longevidade passou de rara exceção a uma revolução. A população 60+ deixou de ser a minoria e, crescendo como um tsunami, está transformando a cara do Rio Grande do Sul, do Brasil e do mundo. A esta maré de longevidade, profissionais de todo o mundo estão somando uma segunda onda, a da qualidade de vida. Afinal, com cabelos brancos ou não, todos temos uma questão maior nas cabeças: para além da expectativa de vida, como alcançar nossas reais expectativas da vida?
Com ou sem fins lucrativos, profissionais estão se lançado no desafio de inovar por uma vida inteira de dignidade, desenvolvimento e diversão, não só pautada pela duração. Entre eles, na Holanda, estão os gestores da renomada Vila Demência The Hogeweyk, que reconstruíram sua Ilpi como um ativo bairro residencial. The Hogeweyk acolhe riscos para resgatar a normalidade na vida de pessoas demenciadas, trocando a proteção restritiva pela valorização da liberdade e dos estilos de vida.
Já os profissionais, entre as revoluções digital e da longevidade, brindam 2020 com uma vasta disponibilidade de tecnologias úteis para o bem-estar. Porém, é também vasto o número das que não chegam a ser adotadas pelo mercado. Para garantir que novos bens e serviços sejam, além de úteis, também facilmente utilizáveis, éticos e atrativos, do Japão a Portugal e nas Américas, surgem ecossistemas de colaboração entre os proponentes de inovações 60+, seus potenciais usuários e provedores tradicionais.
Protagonistas dessa convergência mundial entre empreendedorismo e longevidade, profissionais brasileiros de norte a sul do país, por sua vez, estão acelerando seus projetos de inovação desbravando como outros países estão surfando a tsunami grisalha. Como no esporte, duas atitudes se mostram essenciais frente a esta mutação societal: a antecipação – da oportunidade social, política e econômica desta transformação – e, no momento oportuno, a articulação de esforços – viabilizando respostas mais rápidas, integrais e inclusivas.