Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo PARIT S/A
Me formei engenheiro elétrico e, além do diploma, recebi uma carteira de identidade corporativa, do Crea. Lembro-me do valor que dei para aquele documento que demonstrava para toda a sociedade que eu pertencia a uma classe, uma corporação. Eu era "diferente " e apto a "usufruir" de todas as vantagens que a corporação iria me proporcionar.
Fundei minha primeira empresa e me veio seis meses após ter iniciado as operações o primeiro imposto. Tossi e perguntei ao contador: o que era "aquilo" ? Havia saído da Escola de Engenharia sem ter a menor ideia das regras fiscais de negócios. Fora educado em lar de funcionários públicos e os mais básicos conceitos de negócios andavam longe dali e, pasmem, também dos cursos fundamentais (primário e secundário) e de Engenharia.
Hoje as universidades estão aflitas, priorizando a formação de gente para inovação com espírito empreendedor e apta para negócios. Nossa cultura porém ainda está muito atrasada. O empreendedorismo é fundamento do capitalismo e não entendemos ainda deste sistema. Por outro lado somos muito bons em corporativismo, um câncer dos regimes socialistas e do pensamento anti-mercado.
Se critico o que me aconteceu é por que me dei conta ao aprender muito mais do que minha família e minhas escolas me ensinaram. Aprender é a ação fundamental de cada indivíduo para sobrevivência. O Estado tem de conceder ao cidadão, na sua infância, a oportunidade de aprendizado e cada dia de ensino perdido ali é irrecuperável. No entanto o corporativismo contamina nosso processo de educação e existem as greves. Para cada grevista são 30 ou 40 crianças sem aula. A sociedade não pode se prostrar diante desta situação e deve enfrentar as superadas corporações vinculadas a ideias caducas.
A sociedade é responsável pela Educação e não pode delegar isto a quem não pode participar de uma negociação sem radicalizar penalizando famílias interrompendo a educação de seus filhos. O RS está lutando para equilibrar contas oriundas de erros do passado e não podem as crianças e jovens pagar um pato que nada mais é do que criar um sistema estável de contrato de trabalho que permita o pagamento por parte do Estado de suas obrigações. Parar escolas é absurdo!