Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo PARIT S/A
O governo federal tem participação em mais de 600 empresas e não há evidência de que isso favoreça a competitividade e a funcionalidade dessas organizações. A sociedade paga caro por esse “patrimônio” que gera mais miséria, custos e corrupção do que qualquer outra coisa. Vejam-se os aeroportos, o que eram e o que são na medida em que a iniciativa privada vai tomando conta com foco em negócio, no cliente e na qualidade do serviço. Na verdade, tudo o que o setor privado puder fazer deve fazer, o Estado tem de regular, criando condições de investimento privado e cobrar impostos.
Nossa democracia foi fundamentada nos valores de quem escreveu a Constituição de 1988. Aí está o problema: quem eram eles? Representavam realmente os grandes setores sociais, com preparação adequada, ou eram políticos, eleitos de forma corriqueira, com todos os defeitos de nossas eleições? Escreveram um texto pró cidadão criador de riquezas ou pró Estado explorador, todo-poderoso e teoricamente benfeitor?
Naquele momento, terminava uma ditadura fracassada e o país vivia um clima de abertura e a prioridade era política, a de implantar uma democracia. Ela foi obtida em todos os níveis, mas houve uma grande omissão: as elites que, prestigiando o bom conhecimento de economia, deveriam ter defendido o capitalismo de forma inequívoca. Por que deixamos mentes estatizantes escrevê-la? Não tínhamos ideia do custo desta omissão.
A partir da carta, tivemos ainda a eleição de governantes de viés socialista, com a manutenção das estatais (herança do regime militar, que era anticapitalista), o aumento paulatino de impostos, por causa do aumento de gastos públicos, e todo um processo de empobrecimento compatível com decisões em que o empresário, justamente por sua própria omissão política, era apenas um aliado e conveniência. Modernizar o país via privatizações e acabar com o Estado empreendedor faz parte do novo desafio que está em nossas agendas para nos tornarmos definitivamente um país capitalista próspero. O mundo mudou e o Brasil tem de mudar. Que não haja a menor possibilidade de se estar um dia na situação de Cuba, onde a tração animal em transporte público é a inovação da vez devido à crise na Venezuela, que não manda mais gasolina. Ali, capitalismo não!