Por Eduardo Afonso, gerente regional da Endeavor Brasil
A necessidade de adaptar-se às mudanças intensifica-se em períodos de crise. Períodos como esses podem, de um lado, ameaçar a estabilidade das empresas existentes; por outro, ampliar as oportunidades para os que tiverem capacidade de criar modelos inovadores, assumindo o mercado das empresas obsoletas.
Inovar implica em constituir algo novo que gere resultados efetivos. Percebe-se, seguindo essa definição, que o desenvolvimento econômico tem, na inovação, o seu fenômeno fundamental. Contudo, muitos empreendedores, mesmo com experiências e habilidades que se sobressaiam e com conhecimento profundo do seu cliente final, não conseguem se dedicar para identificar as oportunidades de inovação. Muitas vezes, nem sequer dar a devida atenção ao seu negócio principal. Isso não faz sentido.
O Brasil é hoje um dos países mais burocráticos do mundo – encontra-se na 109ª posição, dentre 190 países, no que se refere à facilidade de fazer negócios, segundo o ranking global da Doing Business. Porto Alegre, no Índice das Cidades Empreendedoras 2017, realizado pela Endeavor Brasil, aparece em 31º lugar no Indicador de Ambiente Regulatório, dentre 32 cidades analisadas. O empreendedor, que é diretamente impactado pelo excesso de burocracia, leva, em média, 1.958 horas/ano (o equivalente a 80 dias) para declarar e pagar todos os seus impostos no país. Esse cenário, que se sustenta em diversos outros dados, demonstra as dificuldades impostas pelo ambiente àqueles indivíduos que desejam empreender e àquelas empresas que desejam inovar. Criam-se, assim, da maneira que está hoje, apenas desincentivos para empreender, inovar e crescer.
Ao reduzir a burocracia, haveria apenas estímulos ao desenvolvimento. Os recursos, se bem orquestrados, permitiriam produzir mais, inovar mais, gerar mais empregos, movimentar a economia, possibilitando, assim, a alavancagem do país. Assim, e somente assim, não como está hoje, poderemos crescer e prosperar, como indivíduos e como país.