É o consumo interno que reúne a agilidade e a velocidade necessárias para fazer a economia brasileira ganhar um pouco mais de tração no curto prazo, dando uma injeção extra de otimismo para os meses finais do ano. É onde podem ser depositadas as esperanças de que o PIB de 2019 acabe avançando um pouco além do 0,87% esperado pelo mercado, levando ainda o país a virar o calendário com embalo e expectativas melhores para 2020. Desta forma, é meritória e bem-vinda a iniciativa lançada ontem pelo Palácio do Planalto para mobilizar empresas e população na tentativa de promover aumento das vendas e dos negócios para os setores do comércio e dos serviços, apostando em uma Semana do Brasil também na economia, aproveitando o apelo do 7 de Setembro.
A lenta recuperação da atividade e o fato de o mês não ter datas motivadoras de consumo tornam a ideia e o estímulo ainda mais relevantes. De acordo com o governo federal, mais de 4 mil empresas mostraram entusiasmo e confirmaram participação no movimento, com promessa de descontos reais para o consumidor, a partir do próximo fim de semana. Entidades do varejo, incluindo comércio eletrônico, estão colaborando para consolidar a proposta.
A lenta recuperação da atividade e o fato de o mês não ter datas motivadoras de consumo tornam a Semana do Brasil ainda mais relevante
Durante boa parte do período de recessão atravessado pelo Brasil, a economia global crescia de forma robusta. Envolvido em sucessivas crises políticas que embaçaram o horizonte, o país não tirou proveito da demanda internacional aquecida, dado o peso do mercado interno, em forte contração, no PIB. Neste momento, porém, crescem as incertezas no Exterior. Passa a ser ainda mais imprescindível criar um melhor ambiente doméstico para alavancar o desempenho das fábricas, do comércio e das empresas de serviços, com reflexo no emprego e na renda, fortalecendo as condições para o início de um novo círculo virtuoso.
O país está criando condições macro e microeconômicas para esta virada. A inflação está baixa e controlada, o Banco Central começou nova rodada de corte do juro, a Nova Previdência passou pelo teste mais importante e há outras mudanças estruturais em andamento. Ao mesmo tempo, os saques do FGTS tendem a melhorar a situação financeira das famílias. Falta um pouco mais de confiança para empresários e consumidores, uma frente em que o governo pode fazer muito com pouco. Crença na estabilidade, com foco na resolução dos grandes problemas do país e aprofundamento das reformas são algumas das etapas do caminho para restabelecer a convicção de que a regeneração mais sólida da economia está em curso, facilitando a volta do consumo.
A Semana do Brasil merece um voto de apoio e o ingresso no calendário perene de eventos do país.