Hoje, 20 de setembro, é dia de mostrar o orgulho pela cultura e pelo passado. A raiz, o apego ao chão e o sentimento de pertencimento tornam os gaúchos ímpares neste Brasil continental de tantos sotaques. Não melhores, mas diferentes. A conhecida altivez, às vezes confundida com soberba, foi moldada ao longo da História. Começou a ser forjada pela bravura no campo de batalha, em guerras e revoluções, como a Farroupilha, celebrada nesta data. Seguiu fortalecendo-se pela vanguarda econômica, com o alvorecer de uma indústria e uma agricultura pujantes. Com os avanços sociais, à frente da maior parte das unidades da federação. E pelo peso político conquistado a partir de lideranças impetuosas que, enquanto defendiam os interesses da população mais meridional do país, também lutavam pelo que acreditavam ser o melhor para a nação.
Em cada rincão, ideias inovadoras surgem enquanto se sorve um mate
Cultivar a tradição é saudável. É como fortalecer os alicerces da identidade. Mas o culto e o respeito ao passado não podem significar descuido com o futuro. O 20 de Setembro, desta forma, também é uma oportunidade de reflexão. Se o Rio Grande do Sul foi ponta de lança do Brasil, hoje perde fôlego no pelotão da frente. Ainda é uma das principais economias do país, mas durante as últimas décadas vem reduzindo sua participação no PIB nacional. A combatividade, transferida para a arena política, passou do limite da saudável discordância. Transbordou para a intolerância e tolheu o nosso potencial de desenvolvimento.
Mas uma reconhecida virtude dos gaúchos é a irresignação. Diagnósticos sobre a situação do Estado não faltam. Chegou a hora, portanto, da revolução necessária. Aquela que vai reformar a administração pública, recuperar a qualidade da educação, evitar a fuga de talentos. A era da polarização extrema, que hoje faz tanto mal para o Brasil, parece ter sido, por aqui, em parte, amainada.
Os parques tecnológicos que se espalham pelo Estado mostram que, na era do conhecimento, fervilha a produção de ciência, ao mesmo tempo em que a agropecuária, origem econômica do Estado, alcança níveis de excelência cada vez maiores. Recursos naturais e humanos não faltam. O empreendedorismo é outra marca associada aos gaúchos. Em cada rincão, ideias inovadoras surgem enquanto se sorve um mate. Nas propriedade rurais, nos escritórios, nas indústrias, nos laboratórios. A tradição aliada à busca de formas disruptivas de progredir ainda farão do Rio Grande do Sul uma terra com um amanhã tão cintilante quanto o seu passado.