As mesmas fórmulas levam aos mesmos resultados. A queda do Rio Grande do Sul no Índice de Desenvolvimento Estadual, estudo realizado desde 2014, fruto de uma parceria entre PUCRS e Zero Hora, serve de alerta para todos nós. Apesar da melhora na pontuação geral, fomos ultrapassados por Minas Gerais, que cresceu mais em indicadores de qualidade de vida da população e, com isso, alcançou a quinta posição do ranking, empurrando-nos para a sexta. Lideram a lista o Distrito Federal, São Paulo, Santa Catarina e Paraná.
Iniciativas como o Pacto Alegre e o Cresce RS espelham a inquietação e a vontade de mudança que emergiu nas últimas eleições
Duas áreas foram determinantes no desempenho insatisfatório do Rio Grande do Sul em 2017: segurança e educação. Seria injusto cobrar apenas do poder público todas as contas dos percalços, mas cabe, sim, aos governos alterar radicalmente a lógica que determinou um modelo fracassado, gerador de inchaço nas despesas públicas e de benefícios sem fim a setores privilegiados do funcionalismo, majoritariamente comprometido com o futuro do Estado.
É relevante e necessária a comparação entre a qualidade de vida oferecida aos seus cidadãos pelos Estados brasileiros. Mas pouco há a celebrar no fato de estarmos à frente, por exemplo, de Pará e de Alagoas, que enfrentam dificuldades geradas por realidades distintas e que merecem integral apoio, respeito e solidariedade de todos os brasileiros. Durante muito tempo, comparávamos nossos índices aos dos países desenvolvidos da Europa. Temos tudo para retomar esse patamar, desde que voltemos a exercitar a saudável prática da convergência.
Nesse contexto, fica ainda mais relevante o desafio a que se propôs o então candidato Eduardo Leite, o de modernizar a máquina pública a partir de um novo jeito de gerir e de fazer política. Há, no horizonte, sinais de esperança, como os processos de venda de empresas públicas deficitárias ou que tenham ficado esvaziadas nas suas missões originais. Mas o caminho ainda é longo e, para percorrê-lo, é preciso coragem e força no enfrentamento às resistências de setores retrógrados e comprometidos apenas com seus interesses corporativos e eleitoreiros. Hoje, as ferramentas oferecidas pela tecnologia são uma realidade, mas estamos ainda muito longe das modernas soluções proporcionadas pelo novo mundo digital à gestão pública.
Cabe também valorizar o papel da sociedade civil e do tecido produtivo nesse compromisso de retomada econômica e humana. Iniciativas como o Pacto Alegre e o Cresce RS espelham a inquietação e a vontade de mudança que emergiu nas últimas eleições.
Não há como mudar o rumo das coisas sem desgaste. Na imensa maioria das vezes, os resultados das ações tomadas hoje levam anos para se tornarem palpáveis. É isso, em suma, o que diferencia os verdadeiros homens públicos: o alcance da sua visão em uma linha de tempo que, para o bem de todos, precisa ser longa, mesmo que o preço político a pagar, no curto prazo, seja alto.