Mesmo que o PIB do segundo trimestre, com alta de 0,4%, exorcize o fantasma de uma recessão técnica e tenha se configurado em uma leve alta até superior ao que era esperado pela mediana das expectativas, o tímido avanço da economia de abril a junho é pífio diante da perda de riqueza observada entre 2015 e 2016 e da lenta recuperação dos anos seguintes. O resultado pode até ser motivo de alívio, mas não de comemoração.
Permanece a necessidade de o Planalto e o Congresso não se afastarem da responsabilidade de acelerar as reformas estruturais
Permanece a necessidade de o Planalto e o Congresso não se afastarem da responsabilidade de acelerar as reformas estruturais para emitir sinais claros de que o país caminha firme na direção da redução do déficit público no médio e longo prazos e está convicto na imposição de medidas que desburocratizem e melhorem o ambiente de negócios no país.
A lição de casa deve ser feita por uma série de razões, mas por hora podem ser ressaltadas duas, ambas externas. Uma delas é o exemplo da Argentina, que declarou uma espécie de moratória, diante da incapacidade de honrar seus compromissos. Eleito com uma plataforma liberal, Mauricio Macri tornou-se uma decepção ao aderir a iniciativas populistas que deixaram seu país ainda mais preso no atoleiro do caos das finanças públicas. Ao mesmo tempo, avolumam-se os alertas de desaceleração da economia global, a reboque da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Não há como o país escapar ileso, ainda mais se a perda de velocidade da atividade ao redor do planeta se agravar.
Faria muito bem ainda distensionar o ambiente de radicalização no Brasil. Não é alimentando discórdias, no país ou no Exterior, que será criado o sentimento de confiança essencial para uma retomada plena da economia e o início de um processo mais robusto de redução do desemprego.