Com a imagem externa do Rio Grande do Sul desgastada pela percepção de que os investimentos privados no Estado andam a um ritmo ainda mais lento do que o já burocrático ritmo nacional, a Assembleia Legislativa e o governo do Estado se juntaram para, a partir de agora, tentar reverter a cultura do atraso pelo atraso.
A Assembleia Legislativa e o governo do Estado se juntaram para, a partir de agora, tentar reverter a cultura do atraso pelo atraso
Batizada de Cresce RS, a iniciativa lançada ontem no Palácio Piratini nasce com boas chances de sucesso: acima de partidos e interesses eleitoreiros, ela une diferentes poderes e tem apoio do Ministério Público Estadual, do Tribunal de Contas e das principais lideranças empresariais, entre outros segmentos. Ou seja, forças que trabalham em desarmonia tentarão agora encontrar denominadores comuns para fazer valer uma nova palavra de ordem: destravar investimentos.
Antes um polo de atração de investimentos em virtude de sua tradição de inovação e qualidade da educação e da mão de obra, o Rio Grande do Sul foi perdendo espaço dentro e fora do país pela queda de seus indicadores, pela depauperação da infraestrutura, pela resistência que organismos públicos devotam ao empreendedorismo ou pela simples inércia, incúria e desajustes de serviços públicos.
Mais do que identificar culpados pela imagem de um Estado inóspito para empreendedores, o Rio Grande do Sul tem a chance de se reencontrar com o espírito que ergueu uma cultura e economia até há pouco invejáveis aos olhos do país. Para isso, precisará colocar em prática os discursos uníssonos a favor do destravamento que se ouviram ontem no lançamento do Cresce RS.
O desafio não é pequeno. As lideranças dos movimentos elencaram na arrancada 17 projetos para monitorar, identificar gargalos e, de forma conjunta, trabalhar para que sejam postos em marcha e em prática. Caso deslanche para valer, o Cresce RS deverá, como desejam os líderes dos poderes Executivo e Legislativo, transformar-se em política de Estado, ou seja, se enraizar pelas futuras administrações, sem interrupções por eventuais mudanças de mandatários. O Rio Grande do Sul daria assim uma prova de maturidade. A política da negação e da desconstrução que legou as adversidades atuais pode agora passar a ser a política da construção de uma nova cultura entre todos que, de uma forma ou de outra, têm o condão de contribuir ou prejudicar o desenvolvimento do Rio Grande do Sul.