Por Felipe Camozzato, vereador de Porto Alegre (Novo)
Matéria de GaúchaZH de traz ao conhecimento de todos o projeto de construção de duas torres ao lado do Beira Rio, a maior delas com 130 metros de altura. No imaginário do gaúcho, trata-se de uma altura exorbitante. Por isso, a matéria chama a atenção. Normalmente, quando pensamos em grandes cidades, vêm à cabeça lugares como Nova York ou outras cidades globais como Tóquio e Cingapura. Não é esse o caso de Porto Alegre, onde o Plano Diretor limita a altura máxima das edificações em 52 metros, o que representa cerca de 17 pavimentos.
Qualquer empreendimento que pretenda utilizar altura superior deve fazer isso via Estudo de Viabilidade Urbanística (EVU), trâmite especial lento e burocrático. Para se ter uma ideia, o prédio mais alto de Porto Alegre é o Santa Cruz, inaugurado na década de 60, com 107 metros. Um pouco mais alto (125 metros), o edifício Parque do Sol, em Caxias do Sul, ocupa hoje o posto de mais alto do Estado. Fora daqui, Goiânia e Balneário Camboriú, ambos com prédios que ultrapassam os 200 metros, lideram o tímido ranking brasileiro.
Verticalização não necessariamente implica maior densidade urbana. Por isso, defendo também que, além da altura máxima, sejam revistas questões ligadas aos recuos no terreno e aos índices construtivos. Juntas, essas medidas permitiriam redução do custo de moradia, bem como aumento de eficiência das redes de infraestrutura. Além disso, pensando no incremento da cidade como um todo, a concentração induziria redução nas distâncias de deslocamento e, assim, menos poluição e ganhos em mobilidade.
Às vésperas de rediscutir seu Plano Diretor, temos a oportunidade de rever essa aversão à verticalização. É uma mudança importante que, se bem articulada com outras estratégias, pode trazer vantagens importantes para Porto Alegre e seus cidadãos. Longe de significar incentivo à especulação imobiliária, uma cidade mais alta se torna mais barata, eficiente, menos espraiada e com mais vida nas calçadas.