Por Leonardo Fração, empresário e presidente do Instituto Cultural Floresta
Não sou historiador, mas não é preciso ser PhD no tema para concluir que o Brasil nasceu torto. Desde o descobrimento, até mesmo depois de ser reescrita a Constituição e termos a redemocratização, ninguém foi capaz de desentortar este país. Somos uma nação muito melhor do que éramos décadas atrás, mas ainda muito aquém do desejável e especialmente do potencial de um território tão vasto e rico naturalmente.
Para enfim corrigir o eixo desse descaminho, o desafio maior é vencer a desconfiança, a prerrogativa da desonestidade e das más intenções. Por causa delas se criam as amarras burocráticas, que tentam prever todos os malfeitos. O excesso de prevenção dita uma dinâmica lenta, que premia os já estabelecidos, concentra renda em alguns e piora as condições da maioria.
O que interessa, em vez de cultivar a burocracia, é admitir que, sem a união dos líderes numa causa de desenvolvimento, continuaremos remando na mediocridade. Público, privado, empresários, políticos, juízes, procuradores, aos olhos vigilantes da imprensa, precisam abrir mão de interesses pessoais ou corporativos, vestir-se de pragmatismo em lugar da camisa de força de ideologias, olhar para os países que avançaram nos índices que interessam (segurança, escolaridade, PIB per capita, saúde) e copiar indiscriminadamente suas práticas.
Livre de amarras, o povo terá mais oportunidade e melhores serviços. Cada um terá a sua parte num compromisso coletivo. Os empresários terão de trabalhar mais, com mais eficiência, e oferecer um produto melhor e mais barato. Com menos e melhores leis, os juízes poderão se concentrar em julgar e decidir sobre o que realmente importa. Em um país com regras mais claras, os promotores terão mais poder para punir aqueles que efetivamente desafiam as leis. E os políticos terão finalmente a legitimidade conferida por um povo que, educado, poderá votar melhor, e cobrar melhor.
O desafio da grandiosidade está aí: que os agentes de mudança se mobilizem para construir um país melhor para aqueles que perderam a esperança. Dessa forma, no futuro teremos um país melhor para todos.