Por Ana Regina Falkembach Simão, coordenadora e professora do curso de Relações Internacionais da ESPM-POA
Ao longo dos séculos 19, 20 e 21 o apreço pelo conhecimento histórico, político e econômico fez parte da formação do corpo diplomático brasileiro. Nossa profissionalizada diplomacia pode ser considerada uma das referências políticas do país. Desde 1823, com a denominada Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e, posteriormente, com a criação do Ministério das Relações Exteriores, em 1891, diplomatas e chanceleres são responsáveis pela formulação da política externa do Brasil. O Itamaraty, conjuntamente com as Forças Armadas, compõe a mais antiga e tradicional burocracia do Estado brasileiro. O rigor no processo seletivo, a hierarquia, a meritocracia na promoção de seus quadros e a consistente formação do seu corpo diplomático faz dessa Instituição um singular espaço na formulação de estratégias de projeção internacional do Brasil.
De fato, o respeito mundial que a diplomacia brasileira conquistou é, paradoxalmente, fruto da convivência equilibrada entre a sua notória formação clássica e uma orientação de modernidade e abertura para novas agendas sociais, econômicas, políticas e ambientais. Tais pautas são demandadas por diferentes Organizações Internacionais, junto as quais o Brasil do século XXI tem buscado protagonismo e reconhecimento, com base numa política externa fundamentada no multilateralismo, no pragmatismo e na autonomia.
Foi exatamente o caráter de solidez e de formação clássica do Itamaraty que tornou esta Instituição reconhecida pela sociedade brasileira, pela opinião publica e por uma agenda midiática que, cada vez mais, observa a importância da participação e das estratégias brasileiras num cenário internacional complexo e globalizado. Se hoje temos uma discussão nacional acerca da escolha do representante do Brasil para uma embaixada fundamental como é a dos Estados Unidos, ironicamente, esta se deve – para além das diretrizes governamentais – a toda uma história marcada justamente pela clássica e exitosa formação dos quadros diplomáticos brasileiros.