Por Ricardo Felizzola, CEO do Grupo PARIT S/A
Baseada nas infraestruturas universitárias de tecnologia e de ciência, Porto Alegre e Região Metropolitana têm excelente oferta em termos de capacitação. Centros como o Tecnopuc, Tecnosinos, vários locais na UFRGS, entre outros não menos importantes, formam uma oferta diferenciada quando comparada com o resto do país. As iniciativas de se fazer um pacto para a inovação entre parceiros afins, com óbvio apoio do setor público, repetem-se historicamente e, neste momento, mais uma destas louváveis ações se repete reunindo várias lideranças. É o pacto pela inovação no âmbito da Capital. Não há duvidas de que bons resultados serão obtidos.
Por outro lado, cabe alertar que qualquer análise baseada na experiência do Brasil e na sua comparação com países capacitados em criar inovações e delas usufruir riqueza acaba escalando o problema para o ambiente global do país, escapando da pura e simples iniciativa de capacitação técnica e do conhecimento científico, principalmente o acadêmico.
A inovação é fenômeno econômico que ocorre apenas em ambientes favoráveis. E para se ter economia favorável, precisa-se de política favorável. Quanto mais aperfeiçoado o capitalismo de uma nação, mais inovação será produzida. Empresas iniciantes (startups) geradas por cultura empreendedora, auxiliadas por mecanismos de financiamentos com alta fluidez e por ambientes com alta facilidade de se fazer negócios, são os “girinos” que vão gerar a fauna produtiva do ambiente em questão. Estas empresas usarão a tecnologia, gerada talvez por conhecimento científico, como insumo para alimentar ideias novas na forma de produtos, meios de produção ou, ainda, novos serviços, e criarão valor novo, muitas vezes grandioso, gerando impulsos de riqueza na sociedade.
Diante disto, qualquer iniciativa, por mais louvável que seja, é incompleta se não direcionar energia para a transformação da sociedade brasileira por meio de profundas reformas e mudança cultural. Não seremos, nunca, inovadores se permitirmos um ambiente de desequilíbrio fiscal nas contas públicas. Portanto, o pacto pela inovação deve apoiar totalmente a reforma da Previdência, pois, sem ela, será difícil obter resultados concretos em termos de ambiente inovador.