Por Lisandra Pioner, pedagoga e psicopedagoga
O ser humano, dentro de suas limitações emocionais, às vezes transforma sua insegurança, inveja, cobiça e baixa autoestima em ações... e essas ações podem ser violentas, excludentes e demonstrar uma fraqueza (emocional, psicológica e de caráter) enorme.
O cyberbullying tem a ver com práticas de agressão moral contra uma determinada pessoa. A intenção geralmente é ridicularizar e/ou perseguir. E, com o aumento do uso das redes, essa prática tem se tornado cada vez mais comum. A internet é um oásis para os covardes! Muitas vezes, o jovem que sofre não conta a ninguém, por medo. E o que pratica se esconde por trás desse sentimento que causa no outro, achando que "não vai dar nada". Só que, independentemente das motivações psicológicas do praticante, o bullying deixa marcas.
Conheço uma criança que vinha demonstrando irritação e tristeza. Volta e meia reclamava de alguns colegas e se mostrava chateada com situações pontuais. Um tempo depois, ela me mostrou uma foto que circulava pelos grupos de WhatsApp dos colegas de escola. A foto era dela e, em cima da foto, palavras ofensivas que a censura não me permite reproduzir.
O desfecho dessa história começou com uma criança sendo a responsável pela imagem inadequada e terminou com quatro! Uma delas criou e todas as outras passaram adiante. E quem assiste passivamente à situação humilhante de alguém é conivente. Quem participa, mesmo que só repassando material abusivo, é cúmplice! Todas elas mostraram a suas próprias famílias que ainda não têm maturidade para estarem livres pelo mundo de ninguém, que é o espaço cibernético. E, entre as famílias dos envolvidos, algo em comum: a fala de que jamais imaginaram que seus filhos fossem capazes de algo assim.
Nós, adultos, precisamos mostrar o que é certo e o que é errado, porque pode não haver maldade genuína no ato de uma criança, mas isso não a livra de fazer muito mal a outra.
Sabe aquela mentirinha que seu filho contou sobre não ter tema? Aquela vez das reclamações sobre frases inadequadas ditas a vários amigos? Quando ele levou pra casa materiais dos colegas escondidos na mochila? Pois então, se você não explicar que é errado, ele não vai descobrir sozinho. E pior! Quando esses pequenos atos começarem a ser proporcionais à idade, vai acabar descobrindo através dos outros (sem nenhuma amorosidade) que tudo na vida tem uma consequência. Tudo mesmo.