Por Gilkiane Cargnelutti, jornalista
A classificação das meninas para as oitavas da Copa do Mundo de Futebol Feminino reflete a força e determinação das mulheres dentro e fora de campo.
É verdade que não vencemos todas as partidas, mas apesar das bolas nas costas que ainda levamos, simplesmente pelo fato de sermos mulheres, estamos enfrentando nossos adversários de cabeça erguida. Aprendemos que nesses casos a melhor defesa é o ataque e avançamos com a bola toda.
Não é somente no futebol que estamos assumindo protagonismo. Com disciplina e treinamento, nos últimos anos conquistamos espaços interessantes nas redações e fomos escaladas para cobrir jornadas esportivas, narrando e comentando jogos com o mesmo domínio que tem o Messi com a bola nos pés.
Em meio a críticas, seguimos trabalhando sem descuidarmos da criação dos filhos e dos afazeres da casa. Também não abrimos mão de buscar aperfeiçoamento profissional, considerando que o mercado de trabalho está cada dia mais exigente.
Apesar disso, muitas vezes enfrentamos ambientes hostis. Não há fair play e, infelizmente, alguns homens tentam nos intimidar e acreditam que uma ou duas pancadas são capazes de nos derrubar. Ou fazer-nos desistir. Mal sabem que nosso esquema tático não permite recuo.
É como se todas fôssemos centroavantes insistindo para a bola entrar. Podemos não acertar de primeira, mas temos consciência de que esse espaço também é nosso e vamos reivindicá-lo de forma limpa e justa. Sem cometer infrações.
Mais que elogios ou carteirinha de sócia, queremos e merecemos respeito. Já demonstramos que juntos formamos uma equipe imbatível, mesmo que no decorrer da temporada aconteçam lesões e substituições. É do jogo. É da vida.
Através do esporte temos a oportunidade de mostrar ao mundo que uma sociedade salutar se faz com empatia às diferenças. Mais do que vencer um campeonato, precisamos superar o preconceito e o machismo. Para que verdadeiramente possamos torcer e trabalhar como uma mulher.