Por Rodrigo Flores Sartori, professor de Educação Física na Escola de Ciências da Saúde da PUCRS
No futebol, podemos ser confrontados com situações de tomada de decisão a partir da imprevisibilidade do contexto do jogo. Da mesma forma, a arbitragem passa por estas condições. Para que decisões sejam tomadas, os processos de controle adaptativo adicionais devem ser recrutados para atender às demandas de cada situação.
Nesse sentido, o resultado de um jogo pode frequentemente repousar sobre o julgamento de um árbitro, uma responsabilidade que requer uma capacidade física eficiente. Além disso, o profissional necessita de habilidades cognitivas elevadas para, a partir de suas bases perceptivas, tomar as melhores decisões, e também ser emocionalmente equilibrado para suportar a pressão do jogo e todo o seu contexto.
Felizmente, a tecnologia pode aliviar parte dessa pressão, com o assistente de vídeo, o tão comentado VAR, utilizado de forma oficial a partir da Copa do Mundo de 2018, na Rússia. Este recurso inteligentemente analisa decisões tomadas pelo árbitro, usando imagens de vídeo e que, de fato, parecem impactar positivamente sobre a "justiça" de quem merece ganhar o jogo.
No entanto, os elementos intuitivos das decisões e da própria manifestação dos torcedores parecem ainda estar sendo alvo desta discussão. O modo como o VAR é usado ainda é muito debatido, como tendo efeitos na atmosfera do jogo. Desde sua criação, com a ideia de interferência mínima para impacto máximo, as paralisações feitas para as verificações do VAR podem ainda ser vistas como prejudiciais ao esporte por parte de alguns torcedores. O fluxo natural e a emoção no jogo parecem estar sendo alterados devido a constantes e demoradas paradas, à medida que os incidentes são revisados.
Essa relação da tecnologia e comportamento humano parece ser um dos grandes paradigmas que precisam ser estudados para compreendermos melhor o esporte e o seu futuro, pois não há possibilidade de se negar o uso destas ferramentas.