A imagem arranhada do Brasil no Exterior vai exigir um esforço extra para os Estados. Na luta pela atração de investimentos, caberá às próprias unidades da federação apresentarem-se mundo afora como destino atrativo e confiável para o capital privado estrangeiro que busca oportunidades, mas hoje nutre certa desconfiança em relação ao Brasil, derivada de posições controversas de alas bem identificadas do governo federal.
O périplo do governador Eduardo Leite por Nova York, espécie de capital mundial dos negócios, e Londres, ainda a principal referência financeira da Europa, se enquadra nesse contexto. O Rio Grande do Sul não é uma ilha. Enfrenta desafios fiscais até mais dramáticos do que os do Brasil, mas demonstrar a investidores globais que o Estado é receptivo e tenta criar um ambiente de convivência democrática saudável é o passo inicial para sair na frente na corrida pela preferência de quem tem recursos e esquadrinha oportunidades nos quatro cantos do planeta. Ponto também para a presença na comitiva do presidente da Assembleia, Luís Augusto Lara, demonstração de sintonia entre Executivo e Legislativo, algo que infelizmente não se repete no plano federal.
Espera-se agora responsabilidade do Planalto e do Congresso, avançando em reformas como a da Previdência
A maior concórdia entre os dois poderes apareceu, por exemplo, na votação que permitiu ao Piratini levar adiante a intenção de privatizar as estatais CEEE, Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e Sulgás, sem a necessidade de plebiscito. Avanço a ser interpretado também como uma guinada para os gaúchos. O Estado paralisado por órgãos fiscalizatórios, contaminados, em alguns setores, pelo viés anticapitalista, e corporações arraigadas que impediam qualquer mudança que atingisse suas benesses parece começar a ceder terreno a uma visão mais aberta a inovações, contemporânea, sem discriminar nem ser hostil aos que se dispõem a investir.
Apenas com esta mudança de percepção e espírito será possível que o Rio Grande do Sul reconquiste as condições para competir com outros Estados, como Santa Catarina e Paraná, que nos últimos anos passaram a ser a preferência na Região Sul. Ao detalhar os planos de privatizações, concessões e parcerias público-privadas (PPPs) a grandes investidores, o Rio Grande do Sul mostra ter uma carteira de projetos prontos para deslanchar. Sem capacidade de investimento, resta ao Estado apostar no capital privado para começar a recuperar a sua infraestrutura, caminho hoje também mais viável para reanimar a economia, elevar a arrecadação, gerar emprego e renda, recolocando o Rio Grande do Sul na trilha do desenvolvimento.
Espera-se agora responsabilidade do Planalto e do Congresso. Disputas políticas à parte, é essencial avançar em reformas estruturantes, como a da Previdência. Sem a garantia de solvência do país a longo prazo, as investidas individuais de qualquer unidade da federação correm o risco de se revelarem infrutíferas.