Por Giovani Feltes, deputado federal (MDB/RS), vice-presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal e ex-secretário da Fazenda do RS
A política brasileira é pródiga nesta sua inesgotável capacidade de frustrar a urgência do país avançar. Nada mais repetitivo do que Lula e Bolsonaro. Evidente que não são vinhos da mesma pipa, mas o atual mandatário igualmente não aproveita todo o capital político delegado pelas urnas para propor um projeto estratégico em favor da nação.
Esperava que Lula fizesse as reformas (especialmente a política e a tributária) que se propôs em sucessivas campanhas. Deixou passar o tempo, não aproveitou o período em que gozava do apoio popular e, como todos sabemos, sucumbiu à lógica de poder do PT já desnudada pela Lava-Jato.
Um tanto por seu discurso conservador, mas muito mais pelo sentimento antipetismo, Bolsonaro igualmente assumiu com franquia política suficiente para mudar o rumo das coisas e recolar o país no caminho da prosperidade.
Lamento, mas vejo o próprio presidente mais preocupado em agradar um público que já o idolatra, ao invés de ser o grande condutor político deste momento. Torra em poucas semanas parte da sua popularidade em discussões contraproducentes. .Chega de falar aos radicais! Estes já estão atendidos e de ambos os lados. Falta-lhe protagonismo. Sobra tempo para alimentar rusgas pelas redes sociais, no que tem o auxílio dos filhos.
Seria esta a tal da nova política? Dizer que mandou, por exemplo, o projeto de reforma da Previdência para o Congresso e que agora é tudo com os parlamentares? Passar a ideia de que tudo se resume a troca de cargos e privilégios, quando o próprio conviveu com esta tal "velha política" em tantos mandatos. Ele não é um extraterrestre da seara política e forçar esta dicotomia em nada contribui. Não existe velha ou nova política. Existe a boa ou a má.
Pois o presidente deveria ser o primeiro a liderar um amplo convencimento da sociedade sobre a necessidade das reformas, criar as condições necessárias para o país voltar a crescer.
Torço que dê certo e quero ajudar. Ainda está em tempo. Basta serenidade e uma dose mínima de responsabilidade que o cargo que lhe impõe, mas acima de tudo com o interesse maior da nação e da nossa gente.