Por Marla A. Lansarin, professora do curso de Engenharia Química da UFRGS
Em 2020 haverá um Censo Demográfico. Não existe pessoa minimamente informada que negue a importância de dados objetivos para a compreensão da realidade e para o planejamento de políticas públicas eficazes. Por outro lado, a imprensa informa que o IBGE está sendo pressionado para reduzir o custo do próximo Censo, na casa dos bilhões. Pensa-se na redução do tamanho dos questionários, o que reduziria o número de recenseadores.
No modelo atual, espera-se que um morador de cada uma das residências do Brasil seja entrevistado. Isto significa que o recenseador ficará voltando ao mesmo domicílio até encontrar um adulto na casa (gastando o tempo de resposta de vários questionários). Nada sei sobre a sua vida, amigo leitor, mas na minha casa esta pessoa terá que voltar muitas vezes, tão baixa é a chance de lá encontrar um responsável durante o dia.
O IBGE informa que 69,9% da população brasileira utilizava a internet (em qualquer local) e que em 43,4% dos domicílios do país havia microcomputador ao final de 2017 (Pnad C). Esse número, certamente, cresceu. Unindo essas informações, fica a pergunta: o que nos impede de realizar boa parte do Censo pela internet?
Com base no software usado para declaração do imposto de renda, os nossos experts da Receita Federal poderiam desenvolver um aplicativo para computadores e celulares. A chave para responder às perguntas seria o endereço, o que impediria duplicidade de respostas. Os endereços com respostas online seriam removidos das listas de pendências dos recenseadores. Os computadores necessários para processar os dados poderiam ser os mesmos da Receita, ou da Justiça Eleitoral. A mesma campanha que é costumeiramente feita para esclarecimento da população mobilizaria também para o uso do aplicativo.
Nada é simples na máquina pública, mas falta mais de um ano: ainda há tempo.