Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social do Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
Negócios de impacto, expressão cada vez mais comum no mundo das empresas, é o termo usado para caracterizar empreendimentos que têm a missão explícita de gerar impacto socioambiental ao mesmo tempo em que produzem resultado financeiro. Mas quem são eles?
Quando se fala em impacto positivo, é comum pensarmos no tema ambiental, mas nem só de soluções para essa área vivem os negócios de impacto. No Brasil, de acordo com a edição 2019 da Pipe Social, enquanto 46% deles trabalham com tecnologias ditas “verdes”, 43% focam em ações de promoção da cidadania, 36% em educação e 26% na saúde, sendo que vários atuam em mais de uma área. Não são empresas que desenvolvem produtos para novos hippies ou comunidades alternativas. São negócios do e para o mundo, sendo que apenas 8% dizem ter foco único nos consumidores da base da pirâmide. Eles almejam contribuir para um mundo mais sustentável, mas nem por isso se limitam a trabalhar com reciclagem, e estão na fronteira do conhecimento: 27% trabalham com Big Data, 26% com Inteligência Artificial e 22% com Internet das Coisas. O mapa brasileiro mostra um grupo de empresas jovens, no qual 38% têm menos de dois anos de operação, mas 26% já superaram a fase crítica dos cinco anos. Em relação ao investimento e equipe, nada diferente das demais startups: 76% iniciaram com recursos próprios e 77% das pessoas envolvidas são freelancer. Sobre o perfil dos empreendedores, infelizmente, também a realidade é a mesma geral: 66% são homens (e 50% dos negócios têm apenas homens ou mais homens do que mulheres atuando) e 66% são brancos. Pontos de destaque? 81% das empresas estão captando recursos e, em relação ao segmento, as que atuam em educação são as mais avançadas, com 19% em estágio de escala.
Essas empresas têm muitas inovações de produto, processo e modelo de negócio. Mas talvez a mais importante seja a reconexão do tripé da sustentabilidade que, em algum momento da história, se perdeu: as dimensões econômica, social e ambiental precisam ser consideradas por todas as empresas que querem ser efetivamente competitivas. E você, vai perder esse trem?