Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
A passagem do Dia da Indústria (25 de maio) impõe uma reflexão sobre sua importância na vida econômica e na realidade brasileira atual, pois o desenvolvimento de um país reflete o estágio de desenvolvimento da indústria. A crise do Brasil reduziu a participação da indústria na formação do PIB, trazendo consequências econômicas e sociais e diminuindo a geração de empregos de maior valor agregado. A produção manufatureira perdeu relevância na balança comercial devido à dificuldade de competir com os importados. A Coreia do Sul teve uma economia precária em termos de infraestrutura, recursos naturais e educação, mas, em poucas décadas, atingiu elevados níveis de renda per capita e estrutura produtiva sofisticada.
Enquanto isso, aqui, nos últimos 30 anos, a indústria focada no mercado interno se afastou do mercado globalizado em razão do elevado custo Brasil (baixa qualidade de infraestrutura, da produtividade, da mão de obra, da base tecnológica, elevados impostos e taxa de juros, burocracia, moeda valorizada, insegurança jurídica etc.), que os concorrentes não enfrentam. Assim, a participação do setor industrial na economia nacional acaba por ser menor do que em outros países emergentes, como a China. As políticas protecionistas e intervencionistas do Estado restringiram o comércio internacional e trouxeram reflexos para o desempenho do setor industrial brasileiro devido à falta de abertura comercial e à perda de competitividade. A indústria com capacidade ociosa não gera interesse empresarial para investir em aumento de produção ou em avanços tecnológicos. Falta uma governança política com empoderamento para implementar as reformas paradigmáticas capazes de alavancar o crescimento por meio de uma industrialização competitiva. Seria um eixo econômico-social para o crescimento, com redução de desigualdades sociais e melhora da qualidade de vida. Isso só ocorrerá com políticas públicas que criem os fundamentos da competitividade.
Uma indústria competitiva alavancaria todos os setores da economia e tornaria o país desenvolvido. Uma política industrial avançada, que favoreça uma concorrência inovativa, é o caminho para um futuro melhor, capaz de evitar as medidas pontuais do capitalismo de compadrio. Precisamos de uma mobilização social e política para favorecer e tornar a indústria competitiva. Assim, faremos do Brasil um país desenvolvido.