O brutal massacre registrado na região metropolitana de São Paulo, que incluiu entre as vítimas jovens alunos e funcionários de uma escola estadual de Suzano, é uma tragédia com a qual o país não pode se conformar. Nesse primeiro momento, as atenções precisam ser direcionadas aos feridos, aos sobreviventes, familiares e pessoas próximas às vítimas, que demandam cuidados especiais para superarem a dor e o trauma. Ainda assim, mesmo sob o impacto do que o presidente da República, Jair Bolsonaro, chamou de "monstruosidade e covardia", o país não pode esperar mais para sair em busca de alternativas que evitem a incorporação desse tipo abjeto de ato no cotidiano.
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Violência na escola é uma questão a ser enfrentada também pelas comunidades, não apenas pelos organismos de segurança
nfelizmente, episódios violentos, praticados num território consagrado ao aprendizado e num ambiente de harmonia como deveria ser sempre o das escolas, ameaçam se incorporar à rotina brasileira. Entre muitos outros casos envolvendo estudantes, o mais lembrado ainda é o de Realengo, no Rio de Janeiro. Na época, em 2011, 12 adolescentes foram vítimas de um atentado semelhante, que estarreceu o país. A questão é que truculências desse tipo acabam dando margem a uma série de ações e providências imediatas, tanto por parte das comunidades escolares quanto das autoridades de segurança. Logo em seguida, porém, tudo costuma cair no esquecimento.
Violência na escola é uma questão a ser enfrentada também pelas comunidades, não apenas pelos organismos de segurança, que precisam ter uma ação mais efetiva e intermitente no entorno das instituições de ensino. Obviamente, não basta apenas reagir a cada episodio traumático, imaginando que tudo se resolverá por si. É preciso que haja ações permanentes, envolvendo não apenas alunos, professores e funcionários, mas também os pais, sempre que possível.
O Brasil não pode esperar por mais uma tragédia para só então se empenhar de fato em transformar o ambiente escolar num território de paz, como forma de evitar que esse tipo de sofrimento se repita. O horror em Suzano, que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, definiu como atentado, desafia os adultos a encontrarem saídas eficazes para tranquilizar os alunos e afastarem de vez esse tipo de ameaça. Um país com tantos entraves na educação precisa se concentrar no que realmente dificulta o aprendizado e põe os alunos em risco, não em questões acessórias.