O que mais choca no balanço dos números das contas do setor público gaúcho não é apenas o tamanho do déficit orçamentário – despesas acima das receitas –, que no ano passado atingiu R$ 2,74 bilhões. Surpreende também o percentual ínfimo de investimentos que, nos últimos quatro governos, nunca chegou a se situar acima de 5% da receita em investimentos. É um percentual inconcebível diante da elevada carga de tributos a que são submetidos os contribuintes gaúchos,
Os três poderes precisam se unir e aplicar uma profunda correção em seus gastos, inclusive de pessoal
Não foi por falta de esforço e comprometimento que a administração anterior, de José Ivo Sartori, registrou o segundo maior déficit da história. O ex-governador, que assumiu no auge da recessão e encerrou o primeiro ano com uma defasagem ainda maior, tomou uma série de medidas emergenciais.
O governo anterior cortou despesas, criou a previdência complementar, elevou a alíquota de contribuição do funcionalismo, sancionou a lei de responsabilidade fiscal estadual e concluiu a renegociação da dívida. Ainda assim, essas e outras providências não foram suficientes para que o déficit, ao final do mandato, ficasse sob controle. E seria ainda maior se não tivesse sido suspenso temporariamente o pagamento da dívida, por decisão judicial em caráter liminar.
O descompasso entre receita e despesa herdado pela administração Eduardo Leite evidencia que não adianta o atual governo insistir em medidas tópicas para colocar o Rio Grande do Sul no rumo do desenvolvimento para todos. Os três poderes precisam se unir e aplicar uma profunda correção em seus gastos, inclusive de pessoal, por mais difícil e duro que possa ser. Permanecer à espera de uma solução mágica, baseada na falácia da "falta de vontade politica", é adiar mais uma vez a chegada de um futuro melhor para o Estado.