Por Walter Lídio Nunes, vice-presidente da Associação Gaúcha das Empresas Florestais (Ageflor)
A sociedade brasileira vive o paradoxo de encontro e desencontros. O encontro começou nas manifestações de insatisfação contra o mandato de Dilma, de rejeição ao governo Temer e contra o ambiente político corrompido numa economia decadente, com altos índices de desemprego. Este encontro social consolidou a rejeição ao modelo patrimonialista corporativista corrupto que permeia as entidades públicas nos seus relacionamentos com empreendedores privados. Cresceu a consciência social da necessidade de busca de um novo Brasil, o que culminou na eleição de Bolsonaro pelo posicionamento disruptivo, às vezes até radical, contra o status quo. Sua vitória se deu mais pela sua postura enfática de rejeitar o que aí estava, indo ao encontro da indignação da sociedade, do que pela apresentação e discussão de propostas detalhadas de mudanças.
Ao assumir o governo, Bolsonaro passou a ser cobrado por ações capazes de concretizar o prometido, mas estas, no entanto, ainda são marcadas por desencontros expressos a partir da própria equipe de governo, nos seus diferentes grupos e na base parlamentar ainda não consolidada. Neste momento, o governo procura alinhar proposições que possam construir, na prática, o posicionamento afirmativo das mudanças almejadas, mas desprovidas de detalhamento durante o período eleitoral.
No parlamento, convivem a renovação parcial e a velha política, com loteamento de cargos públicos e de emendas parlamentares clientelistas direcionadas às bases eleitoreiras. Neste ambiente de desencontros, busca-se viabilizar as transformações professadas no período eleitoral, começando pela reforma da Previdência, imprescindível para o crescimento do Brasil. Este será um teste de enfrentamento a corporações e seus privilégios, apelidados de “direitos adquiridos”. Na sequência, para superarmos a fase de desencontros, será preciso uma convergência nacional em prol de reformas paradigmáticas, tais como tributária, política, burocrática, etc.
Vivemos o momento de busca e de encontro da proposta para um novo Brasil que permita o desenvolvimento sustentável, que resolva a desigualdade social pela inclusão empreendedora dos seus cidadãos, evitando que a velha política utilize os atuais desencontros formulativos do governo para desgastá-lo ou para limitar sua capacidade política de reformar o país. Só assim, teremos garantida a nossa sobrevivência. É necessário o acompanhamento e o controle social por parte da sociedade e de suas lideranças inclusivistas deste processo, pois, sem isso, corremos o risco de reacomodar o velho com roupa nova.