A viagem do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos culminou ontem com a garantia do colega Donald Trump de que vai apoiar a entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Mesmo não tendo ficado claro se essa é a intenção formal dos Estados Unidos ou apenas um aceno pessoal de seu presidente, o ingresso na OCDE é uma questão-chave para o Brasil. Um país que se torna membro da instituição ganha uma espécie de aval às suas políticas macroeconômicas, além de mais estímulo aos investimentos. O encontro, no qual foram aventadas também ações para a Venezuela, foi marcado por uma série de gestos de boa vontade por parte do Brasil e por um saldo que, desde já, se mostra positivo, mas tem potencial para assegurar ainda mais avanços.
É preciso fazer agora com que esses primeiros passos nos Estados Unidos se transformem em ações concretas
Coube ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que fala a linguagem internacional das relações comerciais, chamar a atenção na capital norte-americana para o caráter pragmático pretendido pelo Brasil nas negociações externas. Em discurso, o ministro argumentou que ele e o presidente da República amam a América, mas que o Brasil quer negociar com quem o beneficia, como fazem os americanos. A China é o exemplo mais típico.
Dois fatos específicos indicam sinais claros de que Brasília está disposta a ceder para avançar nas negociações com Washington. Um deles é o acordo prevendo a utilização da Base de Alcântara no Maranhão para lançamentos espaciais pelos Estados Unidos com fins pacíficos. Outro é a liberação unilateral da exigência de visto para turistas norte-americanos e de outros países que visitem o Brasil.
Ainda que a facilidade para turistas norte-americanos possa arranhar alguns brios nacionalistas e um princípio histórico como o da reciprocidade, a decisão é meritória. Não faz sentido persistir em dificuldades adicionais na atração de turistas num país que já as têm de sobra, a começar pelo entrave que se constitui hoje a questão irresolvida da violência. Visto é uma necessidade para desestimular levas de trabalhadores clandestinos, o que não é o caso dos países dispensados agora dessa exigência.
A nota negativa da agenda cumprida nos Estados Unidos ficou com o destaque e a cortesia conferidos a Olavo de Carvalho, depois de o escritor ter ofendido o vice-presidente, general Hamilton Mourão. Ainda assim, o balanço do encontro entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump na Casa Branca é promissor, pois abre perspectivas em várias frentes, incluindo a econômica. É preciso fazer agora com que esses primeiros passos nos Estados Unidos se transformem em ações concretas.