Após a primeira reunião bilateral entre os dois países no ano de 2019, os presidentes norte-americano Donald Trump e brasileiro Jair Bolsonaro falaram à imprensa nesta terça-feira (19). Entre severas críticas à Venezuela, ao "socialismo" e ao "Foro de São Paulo", Trump anunciou que os EUA vão apoiar a entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e que o país é o principal aliado norte-americano fora da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
— Eu tenho a intenção de designar o Brasil como o maior aliado fora da Otan. Tenho que conversar com muita gente, mas talvez até mesmo um aliado da Otan, o que seria um grande avanço na segurança e cooperação entre nossos países. Precisamos defender os nossos povos do terrorismo, do tráfico de drogas e do tráfico de pessoas — afirmou Trump durante a entrevista coletiva.
— O apoio americano ao ingresso do Brasil na OCDE será entendido como um gesto de reconhecimento que marcará ainda mais a união que buscamos — disse Bolsonaro.
Em sua manifestação, Bolsonaro citou uma frase de Ronald Reagan ("O povo deve dizer o que o governo deve fazer, e não o contrário"), reiterou sua admiração a Donald Trump e disse que quer um Brasil "grande de novo".
— Hoje o Brasil tem um presidente que não é anti-americano, caso inédito nas últimas décadas. Os Estados Unidos mudaram em 2017, e o Brasil começou a mudar em 2019. Estamos juntos para o bem dos nossos povos. Queremos uma América grande e um Brasil grande também — declarou Bolsonaro.
Fóruns de executivos e de energia
Os chefes de Estado declararam que serão reativados o Fórum de CEOs (executivos de empresas) e será construído também um "Fórum de Energia", com ênfase em óleo, gás e outras fontes, para estimular a cooperação econômica entre as duas nações.
— Reciprocidade é a nossa palavra favorita. Estamos comprometidos em diminuir as barreiras, incentivar a inovação. O caminho de abrir a economia e libertar o setor privado é o certo para ter uma economia ainda mais forte. Vejo que o Brasil está engajado nesse esforço — afirmou Donald Trump.
Crise na Venezuela
Trump também pediu durante a coletiva que as Forças Armadas da Venezuela abandonem seu apoio ao presidente Nicolás Maduro, chamando o líder de esquerda de uma "marionete cubana", em um apelo apoiado pelo Brasil.
— Pedimos aos membros do exército venezuelano que acabem com seu apoio a Maduro, que, na verdade, não passa de um fantoche cubano — afirmou Trump.
Segundo o presidente americano, as futuras sanções contra a Venezuela poderão "ser mais pesadas".
— O regime ditatorial venezuelano faz parte de uma coligação internacional, conhecida como foro de São Paulo, que esteve próximo de conquistar o poder em toda América Latina. Pela via democrática, nos livramos desse projeto no Brasil — declarou Bolsonaro ao concordar com Trump.
— Eu sei exatamente o que quero que aconteça na Venezuela. Nós temos opções diferentes sobre a Venezuela, vamos conversar sobre elas. Todas as opções estão sobre a mesa. É uma vergonha o que está acontecendo na Venezuela, toda a crise e fome, vamos falar sobre isso em profundidade — disse Trump ao lado de Bolsonaro.
Quando perguntado se apoiaria uma eventual intervenção militar norte-americana na Venezuela, Jair Bolsonaro afirmou que algumas das estratégias são "secretas".
— Tem certas questões, que, se você divulgar, deixam de ser estratégia. É uma questão de estratégia. Tudo que tratarmos aqui será honrado. Mas, infelizmente, certas informações, se porventura vierem à mesa, não podem ser debatidas de forma pública — declarou.