A terceira queda consecutiva na previsão do Produto Interno Bruto (PIB) para 2019, em consequência inclusive de recuos na indústria, é um mau sinal para o país. É preciso que essa frustração nos índices sirva de alerta para uma economia que não consegue retomar o crescimento, mesmo diante da necessidade imperiosa de criar alternativas para mais de 12 milhões de desempregados. O país precisa retomar a confiança dos investidores. O mais urgente, agora, é aprovar a reforma da Previdência, que dará demonstração de compromisso com a responsabilidade fiscal, abrindo caminho para outras mudanças que também são emergenciais.
O país precisa criar logo as condições para o crescimento
Sem garantia de estabilidade futura, não há como atrair investimentos externos em larga escala e soltar as amarras para a retomada do crescimento pelos empreendedores locais. A queda de 0,41% no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em janeiro, na comparação com dezembro, sugere um desempenho bem menos favorável do que as estimativas oficiais. A particularidade de o resultado da indústria ter sido o mais fraco em quatro meses exige atenção redobrada.
O Brasil tem enorme potencial que, infelizmente, é subaproveitado. Os resultados favoráveis do leilão de 12 aeroportos regionais na última sexta-feira indicam que há desejo dos investidores de acreditar no país. Mas é possível e necessário bem mais, a começar pela prometida desburocratização e simplificação da vida do empreendedor. A reforma previdenciária é fundamental também sob esse aspecto. Lamentavelmente, já está com o seu cronograma atrasado, pois dificilmente será votada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara até o final de março, como estava previsto.
A votação e aprovação, como se espera, das mudanças na área previdenciária são pressupostos para abrir caminho a outros temas também considerados essenciais, como a reforma tributária. As negociações nessa área já estão em andamento para que a pauta possa ser redirecionada a outros temas, como é o caso da necessária desoneração do setor produtivo e uma redistribuição mais equitativa das receitas de impostos entre os diferentes entes da federação.
Ou o governo começa de fato a desfazer o nó que entrava os negócios, ou o germe da burocracia e da autoproteção continuará a se desenvolver e a contaminar todo o organismo público e privado. O país precisa criar logo as condições para a retomada do crescimento, que está cada vez mais distante de ocorrer na prática.