Por Gisele Nader Bastos, diretora técnica da Santa Casa de Porto Alegre
O mês de abril é conhecido, no Brasil, como o mês da segurança do paciente. Foi neste mês, ainda em 2013, que o Ministério da Saúde publicou a Política Nacional de Segurança do Paciente, cujo foco está centrado nas metas internacionais de segurança do paciente: higienização de mãos; cirurgia segura; identificação correta dos pacientes; comunicação eficaz entre os profissionais; segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos; e prevenção de quedas e úlcera por pressão.
São números que mostram o quanto precisamos fortalecer os processos que visam uma entrega de cuidado
Em um país com dimensões continentais e grandes iniquidades em saúde, menos de 50% das instituições de saúde dispõem de Núcleos de Segurança do Paciente. Somente no Rio Grande do Sul, entre agosto de 2023 e julho de 2024, foram notificados no sistema Notivisa, em média 1,1 mil incidentes mensais, sendo o de maior notificação a queda de pacientes, seguida pelo registro de lesões por pressão. Ainda nesse período foram registrados 84 óbitos evitáveis, sendo os mais prevalentes a falha durante a assistência (47), broncoaspiração (11), falhas durante procedimentos cirúrgicos (5) e quedas (5). Há de se ressaltar que nesses dados pode haver uma importante subnotificação.
São números que mostram o quanto precisamos fortalecer os processos que visam uma entrega de cuidado centrada no paciente e de qualidade. A alta liderança das instituições de saúde deve ter esse tema como um tema central de sua agenda. Algumas ações que podem apoiar essa entrega são adoção de certificações e acreditações nacionais e internacionais, implementação de protocolos de segurança e o envolvimento dos pacientes no seu cuidado através de pesquisas onde o paciente avalia as metas de segurança do paciente.
Um cenário que demanda instituições de saúde capazes de promover e apoiar ações voltadas à segurança do paciente, qualificando os serviços, prevenindo eventos adversos através da adoção de protocolos, treinando equipes e incentivando notificações. Um esforço conjunto que gere não culpabilidade, mas, à espelho do que ocorre na aviação, aprendizagem e avanços através dos erros.