Por André Luís Woloszyn, analista de Assuntos Estratégicos
Há aproximadamente três anos, discursos expressando sentimentos de exclusão vêm predominando nas postagens de redes sociais, especialmente, na faixa etária entre 12 a 17 anos de idade, período considerado pelos especialistas como frágil, no qual jovens e adolescentes sofrem grande influência do meio ambiente em que vivem. O problema recai na questão de que esta exclusão, somada a uma insatisfação permanente e ao desejo de mudança pode, potencialmente, se manifestar por atos de violência e em uma perspectiva mais ampla, pelo cometimento de crimes, caso do massacre de Suzano, em São Paulo, e do ataque às mesquitas, na Nova Zelândia, gravado e transmitido ao vivo pelo autor no Facebook.
Ademais, se considerarmos as ameaças de ataques na web, os números são ainda mais impressionantes, como ocorreu com a veiculação de um possível atentado no campus da UFRGS, em Porto Alegre, episódio que nos trouxe à percepção de que também somos parte desta realidade.
O pior dos cenários é o de que esta conjuntura tende a recrudescer por múltiplos fatores. Dentre estes, o contato com a polarização política e ideológica nas redes sociais, discursos de ódio e xenofobia e a disponibilidade de uma variedade de games da moda, cujo campeão é quem consegue destruir o maior número de estruturas e matar o maior número de pessoas no ambiente virtual. Tais fatores, são, na verdade, ingredientes perfeitos para o crescimento do extremismo e condição propícia à violência e à criminalidade em sua forma mais destrutiva.
É neste sentido que advogo pela educação digital antes mesmo da inclusão digital, ambas as medidas previstas na lei conhecida como Marco Civil da Internet, aprovada em 2014. Outro ponto de maior relevância é o acompanhamento permanente dos pais ou responsáveis nos acessos à internet e o monitoramento de quem, quais sites estão sendo acessados e por quanto tempo, assim como a identificação de alguma mudança comportamental. Uma orientação ativa torna-se ação preventiva contra esta lamentável realidade e pode até salvar vidas.