É promissor para o Estado que a bancada parlamentar gaúcha em Brasília, majoritariamente, demonstre maturidade em relação ao projeto de reforma da Previdência. Com essa atitude, que não exclui a necessária crítica e o debate, os deputados eleitos para representar os interesses dos eleitores do Rio Grande do Sul rejeitam o populismo fácil e o negacionismo irresponsável que afundaram as contas públicas e travaram o desenvolvimento do país.
Passado o Carnaval, chegou a vez de o novo Congresso, empossado em fevereiro, demonstrar até que ponto entendeu o recado de quem os elegeu. Uma reforma dessa relevância e magnitude não pode começar a tramitar com base em velhas práticas, rejeitadas nas urnas, como benesses e cargos. Mesmo eleitos com discursos contra a chamada "velha política", alguns legisladores ensaiam atitudes que lembram o condenável "toma lá dá cá". Esse é o tipo de prática que não tem como ser tolerada.
Assim como o país, o Rio Grande do Sul depende das mudanças para levar adiante os planos de equilibrar as contas do setor público
Os legisladores precisam entender que ou as mudanças saem agora, ou o país se tornará inviável, pelo agravamento no déficit das contas públicas. Empurrar as saídas para mais à frente implicaria um custo elevado demais para ser bancado pela população. O Planalto precisa fazer a sua parte, colocando logo em prática uma campanha de esclarecimento e reforçando a defesa da proposta com base em argumentos objetivos e com o máximo de transparência.
Assim como o país, o Estado depende das mudanças para levar adiante os planos de equilibrar as contas do setor público. Nos últimos 10 anos, nada menos de R$ 99 bilhões, em valores corrigidos, foram repassados pelo Tesouro para cobrir o déficit com a aposentadoria de servidores. Só no ano passado, o rombo previdenciário consumiu quase 31% da receita corrente líquida, correspondente a tudo o que o Estado arrecada menos as transferências legais obrigatórias. Pelo bem do Rio Grande do Sul, é importante que a disposição atual dos deputados, apontada em levantamento feito por Zero Hora, se mantenha em relação à reforma da Previdência.
Muitas das adaptações previstas no texto da reforma previdenciária são bem-vindas, mas o Congresso precisa ter cuidado para não enfraquecer ou mutilar a proposta. A reforma da Previdência não é mais uma questão de opção, mas de necessidade. Quanto mais realista for o resultado final, menor será a necessidade de novas mudanças em um futuro próximo.