A falta de equipamentos eletrônicos desde o início do ano em rodovias federais no Rio Grande do Sul, cuja desativação foi confirmada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), é uma questão que preocupa e exige providências imediatas. Além de demonstrar ausência de previsibilidade por parte dos responsáveis por cerca de 5 mil quilômetros de rodovias federais no Estado, o fato expõe a riscos adicionais não só motoristas imprudentes, mas todos os usuários. Trânsito é uma área que, por envolver diretamente a vida de pessoas, não pode ser tratada de forma tão improvisada.
Instrumentos como pardais e lombadas eletrônicas, particularmente, exercem papel importante para intimidar transgressores habituais em rodovias. Não podem, portanto, ficar tanto tempo desativados. Não é a primeira vez que esses meios eletrônicos de fiscalização deixam de funcionar e o problema não ocorre só no Estado. Em situações anteriores a janeiro, quando vigorava um contrato de aluguel do material, houve alegações até de falta de dinheiro. Desta vez, a justificativa é de troca de equipamentos, mas não há explicações detalhadas. Alguns deles estariam em fase de instalação ou à espera de aferição. O fato concreto, porém, é que a licitação foi concluída há um ano e os equipamentos deveriam estar instalados desde abril do ano passado.
Enquanto isso não ocorre, policiais rodoviários se esforçam em atenuar as consequências valendo-se do uso de radares móveis. A questão é que, para alguns motoristas, a simples informação da falta de funcionamento de opções mais eficientes já serve como um estímulo a transgressões. Entre elas, estão o excesso de velocidade e até mesmo ingestão de álcool antes de assumirem o volante para circular em rodovias. Fica mais difícil para as autoridades de trânsito exercerem suas atribuições de prevenir danos e punir infratores, necessidade que se amplia no período de veraneio. E essa é uma das razões para que os organismos responsáveis percam o hábito de esperar os prazos vencerem para, só depois, começarem a tomar providências.
Obviamente, a consciência sobre a importância da direção responsável deveria ser mais relevante do que os controladores eletrônicos. Não precisaria haver pardais ou radares móveis para que os motoristas respeitassem a lei e a vida dos outros. O poder público, porém, tem o dever de usar todos os recursos disponíveis para garantir mais segurança a todos os usuários das rodovias.