O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, reconheceu o erro, o que deve ser elogiado, mas só o fato de ter encaminhado o pedido de se recitar o slogan de campanha do presidente Jair Bolsonaro nas escolas demonstra no mínimo uma enorme desorganização, falta de assessoria, desconhecimento do regramento público do país ou simples prepotência. Obviamente, o que tinha de criticável na decisão não é a recomendação do saudável hábito de se hastear a Bandeira e de se cantar o Hino Nacional nos colégios. É, sim, a recomendação de fazer vídeos com crianças na escola sem a autorização dos pais e a inclusão de um slogan político numa mensagem de governo.
De tão esdrúxula, a orientação acabou sendo revista, o que é positivo. Ainda assim, a polêmica teve pelo menos um mérito: o de revelar como são perniciosos o aparelhamento do ensino e a ideologização das escolas. Da esquerda à direita que imaginam se valer de uma audiência cativa de crianças e adolescentes para fazer proselitismo político, o método revela o primitivismo com que grupos políticos ainda encaram o ensino no Brasil. Certamente, a educação brasileira tem outras prioridades, para as quais, até agora, não foram apontados caminhos.
Menos mal que a orientação despertou uma onda de indignação, que incluiu também o movimento Escola sem Partido. A decisão é coerente, pois o movimento tem por objetivo enfrentar o uso das escolas para doutrinação de esquerda e, agora, se vê compelido a criticar a mesma iniciativa, mas com sinal trocado.
O ministro da Educação, que se destaca por trapalhadas em série, tem muito mais com o que se preocupar do que misturar conteúdo de campanha partidária com educação pública, de Estado. Que se estimule o saudável orgulho do país e do Hino nas escolas, mas jamais com viés político e partidário.