Os discursos de posse dos novos presidentes do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES) indicam uma mudança importante na atuação dos três maiores bancos públicos do país. É mais do que bem-vinda a promessa de tornar mais ágeis e transparentes as operações das estatais, vítimas de flagrante ingerência política ao longo da última década.
Especialmente relevante é a disposição do novo governo de não preencher cargos nas instituições tendo inclinações partidárias como critério fundamental. O aparelhamento ideológico esteve na raiz de diversos escândalos ocorridos durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
A indicação de economistas renomados e de sólida formação para os postos de comando soma- se a um quadro qualificado de funcionários – que devem ser valorizados, inclusive, nas posições mais altas de liderança.
Consertar distorções no formato de financiamento público, revendo prioridades, constitui tarefa trabalhosa, mas também necessária. O ajuste nas contas federais só faz sentido se incluir também as estatais, muitas das quais sugam anualmente volumes consideráveis de recursos do orçamento da União.
O caso do BNDES é particularmente sensível. É imprescindível que a adoção de critérios escusos para a concessão de empréstimos fique no passado. O delírio das “ campeãs nacionais”, que por anos privilegiou o alinhamento ideológico em vez do potencial de mercado das empresas beneficiadas, deve servir como lição ao governo recém empossado. Interesses políticos não devem, em hipótese alguma, sobrepor- se a uma visão estratégica de país. Espera- se, sobretudo, que a prometida apuração sobre esses negócios traga- os à luz, como afirmou o presidente Jair Bolsonaro, e não sejam varridos para baixo do tapete sob o manto do sigilo. O país tem o direito de saber e julgar como o dinheiro público é gasto.